Petróleo: commodity caiu cerca de 20% desde julho (Shannon Stapleton/Reuters)
Repórter
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 15h55.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 15h55.
A queda de quase 20% nos preços do petróleo desde julho pode não estar ligada a fundamentos econômicos, mas sim ao aperto das condições financeiras no Japão. A tese é defendida em um relatório recente da Gavekal Research, assinado por Louis Gave.
Gave levanta a hipótese de que "algum grande participante do mercado foi pego desprevenido" pela mudança nas condições de financiamento, especialmente em relação aos empréstimos baratos em ienes, que estavam disponíveis nos últimos anos. No entanto, essas condições mudaram, com o Japão elevando sua taxa de juros pela primeira vez em 17 anos.
O economista observa que, enquanto os mercados de títulos e commodities "estão precificando uma recessão global", as ações permanecem indiferentes. Para Gave, o comportamento recente dos preços das commodities sugere que a "venda brutal" pode estar mais relacionada a pressões financeiras do que a uma deterioração real da demanda.
“O cobre não deveria estar em falta nos próximos anos devido à transição energética? O níquel não estava escasso devido às necessidades de eletrificação de veículos? E o petróleo não seria a diversificação final para carteiras em uma nova era inflacionária?”, questiona Gave.
Na avaliação da Gavekal, as commodities estão sendo precificadas para um cenário de recessão global, enquanto o mercado de ações segue uma dinâmica oposta.
A atual situação, segundo Gave, abre espaço para duas teses: ou o mercado de commodities está correto e as ações sofrerão uma forte correção, ou a venda de commodities está ligada à pressão sobre um grande participante do mercado. “O comportamento dos preços nos últimos dias sugere fortemente a última opção.”