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Pragmatismo é maior que do último governo do PT e temor deve arrefecer, diz gestor da Mantaro

Paulo Abreu vê medo exacerbado sobre o Brasil e acredita que oportunidade na bolsa é a maior em uma década

Paulo Abreu, da Mantaro Capital: "Estamos em um ponto de entrada muito bom para a bolsa" (Mantaro Capital/Divulgação)

Paulo Abreu, da Mantaro Capital: "Estamos em um ponto de entrada muito bom para a bolsa" (Mantaro Capital/Divulgação)

Publicado em 17 de julho de 2024 às 17h19.

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Temores sobre a condução fiscal do governo brasileiro derrubaram a bolsa para o menor patamar do ano. Para Paulo Abreu, gestor da Mantaro Capital, o medo foi exacerbado e abriu grandes oportunidades no mercado local — segundo ele, daquelas que aparecem apenas uma vez a cada dez anos. Parte desse exagero foi reconhecida pelo mercado, com um movimento de recuperação que perdurou por onze pregões consecutivos. Mas ainda há um grande espaço para as ações subirem no Brasil, na avaliação do gestor.

 

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"Se a nossa leitura de momento de ciclo estiver correta, estamos em um ponto de entrada muito bom para a bolsa, porque é um ponto de inflexão de resultado de empresa", afirma Paulo Abreu em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest. Há quase 20 anos no mercado financeiro, Abreu iniciou sua carreira na gestora Opportunity, onde se especializou em ações.

Uma das principais críticas durante o período de maior desconfiança do mercado com o governo era sobre a falta de capacidade de corte de gastos, que Abreu acredita ser mais factível do que o esperado pelo mercado. "Esse deve ser o próximo passo do governo. Temos uma visão mais construtiva. Tem uma essência no governo do [Luiz Inácio] Lula que é diferente do governo Dilma [Rousseff]. O governo Lula tem um pragmatismo maior. Estamos no pior dos mundos, com todo mundo empurrando e o governo encurralado. Mas achamos que isso deve arrefecer, sair desse risco de abismo. Todo mundo olhou só para o lado negativo."

A principal variável para essa mudança de conduta, diz o gestor, é o dólar. "Ninguém discute quanto está o DI [depósito interfinanceiro], mas todo mundo tem uma referência para o dólar como uma percepção de risco sobre o país. Então, o governo tem o termômetro, que é o dólar, e o incentivo, que é crescimento. Mas sabe que não dá para forçar o crescimento sem ter uma contrapartida ruim. Na nossa visão, o governo sabe disso e o caminho daqui para frente deve ser melhor."

À espera da recuperação

Além de esperar uma melhora sobre a percepção do mercado em relação ao governo, Abreu avalia que há uma combinação de fatores que devem motivar uma inflexão nos resultados corporativos. Essa combinação inclui controle sobre a inflação, retomada de alguns setores da economia e o efeito da queda de juros, que, segundo o gestor, ainda não teve resultado na economia. "Não é algo que o BC corta na quarta-feira e tem efeito na quinta-feira. Isso demora."

Abreu acredita que as empresas deverão sentir o efeito da queda de juros em duas principais frentes: na receita e na queda da despesa financeira, que é o preço pago pelos empréstimos realizados. "Assim como está caindo a despesa financeira para empresas, está caindo para o consumidor. Com o juro baixando, sobra mais dinheiro para consumo. Acreditamos em uma retomada do consumo nos próximos doze meses, mas deve ser um movimento ainda mais longo", afirma.

Para Abreu, o momento lembra o vivido em 2015. "Era tão frustrante quanto agora porque fazíamos reuniões com clientes e dizíamos que era o melhor momento em dez anos, como achamos hoje, e era como falar para o deserto. Ninguém queria aplicar. Falavam que o Itaú, que era nossa maior posição, iria quebrar. Então, havia exageros e, por ter exageros, os preços estão como estão. Em 2016, a bolsa teve seu melhor ano desde 2009, subindo 39%. Desde então, a bolsa não subiu tanto em um único ano."

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