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Powell indicará queda de juros em setembro? O que esperar de discurso em Jackson Hole

Em 2022, o presidente do Federal Reserve utilizou o mesmo evento para anunciar um período de juros mais altos e combate à inflação; dois anos depois, Powell está na posição oposta

Jerome Powell: presidente do Federal Reserve tem sinalizado espaço para cortes (Julia Nikhinson/Getty Images)

Jerome Powell: presidente do Federal Reserve tem sinalizado espaço para cortes (Julia Nikhinson/Getty Images)

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 15h04.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 07h41.

O discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no Simpósio de Jackson Hole está previsto para às 11h de sexta-feira, 23 (horário de Brasília). 

Nesse mesmo palco, há dois anos, Powell evocou o austero ex-presidente do Fed Paul Volcker, ao sinalizar que controlaria a inflação a qualquer custo. O juro subiu para o maior patamar do século e, agora, a expectativa é de que o discurso sinalize queda da taxa.

O início dos cortes de juros na próxima decisão, em setembro, já é dada como certa no mercado. O próprio Powell, em julho, afirmou que esta deverá ser uma pauta. Mas ainda há incertezas sobre a magnitude do ciclo. 

“Esperamos que a mensagem de Powell seja próxima daquilo que temos ouvido nas últimas semanas – que a Fed está agora perto de cortar as taxas de juro, mas o grau de flexibilização dependerá dos dados que chegarem”, afirma o Goldman Sachs em relatório. 

O mercado precifica 100% de chance de o juro cair em setembro. Mas ainda há incertezas sobre a magnitude. No início do mês, dados piores que o esperado do payroll, o relatório de empregos dos Estados Unidos, aumentaram os temores de uma recessão e impulsionaram as apostas de um primeiro corte de 0,50 ponto percentual. Por um momento, investidores chegaram a precificar uma probabilidade de 75% contra 25% de um corte mais brando. Mas dados mais fortes de atividade americana, como o crescimento das vendas do varejo, inverteram as apostas. 

“É provável que Fed dê alguma garantia está preparado para agir rapidamente caso haja uma recessão mais grave na economia. Esta mensagem deverá permitir que o sentimento de apetite ao risco continue a recuperar, com uma ligeira subida dos rendimentos devido aos dados amplamente positivos da atividade e da inflação ao longo da semana passada”, diz o Goldman Sachs.

Impactos no mercado

Economistas do Bank of America destacam ainda que o discurso será feito diante de uma virada de chave no mercado. Na avaliação do banco americano, dados de atividade deverão ter cada vez mais peso. Uma das evidências, apontam, seria que a bolsa dos EUA teve a maior reação a dados de atividade desde a pandemia e a menor em relação a dados de inflação desde janeiro. 

Na última divulgação, o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho caiu abaixo de 3% pela primeira vez desde 2021, Já o último relatório de empregos dos Estados Unidos, considerado um dos principais termômetros da economia americana, caiu para o menor patamar desde os números referentes a dezembro de 2020.

Embora o medo de recessão tenha provocado volatilidade no mercado americano, o S&P 500 está no mesmo patamar do fim de julho, quando Powell sinalizou o início dos cortes de juros. Para o Bank of America, “as ações só precisam de um aceno de que o crescimento será apoiado pelo Fed.”

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