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Poucos terão resultados satisfatórios na Bovespa no 3º tri

Os resultados devem restringir ainda mais o já pequeno grupo de companhias listadas na Bovespa que estão conseguindo agradar seus investidores


	Bolsa de valores de São Paulo, a Bovespa
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Bolsa de valores de São Paulo, a Bovespa (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2015 às 21h01.

Os resultados corporativos do terceiro trimestre devem restringir ainda mais o já pequeno grupo de companhias listadas na Bovespa que estão conseguindo agradar seus investidores, em um cenário continuado de recessão, com juros, desemprego, inflação e dólar altos.

Esse time seleto inclui empresas financeiras, algumas exportadoras e outras companhias que detêm parcela relevante das receitas no exterior.

Há também as que conseguirão amenizar o desempenho operacional fraco com maiores ganhos financeiros, dado o elevado nível de caixa em relação às dívidas de curto prazo. Não por acaso, essas são as empresas recomendadas mais recentemente por analistas como suas preferidas na bolsa brasileira.

"O cenário atual restringe o universo de companhias capazes de ter resultados bons a um número muito pequeno", disse à Reuters o estrategista do Santander Brasil Leonardo Milane.

No caso dos bancos, o receituário para limitar os efeitos da alta da inadimplência, como o aumento das despesas com provisões e renegociações, têm passado por spreads maiores na concessão de empréstimos novos, mesmo em linhas mais seguras, como consignado e crédito imobiliário. Devem também apurar ganhos maiores com a carteira de títulos, devido aos juros mais altos.

As aplicações financeiras também devem reforçar os lucros de companhias financeiras não bancárias, casos de Cetip, BB Seguridade e Sul América. A volatilidade nos mercados também deve turbinar as receitas da Cetip e da BM&FBovespa, segundo Milane.

Pelo mesmo motivo, empresas que têm preferido reduzir o endividamento e apostar no aumento da liquidez também devem ser recompensadas. Algumas, como a transportadora Tegma, a empresa de educação Estácio Participações, o laboratório Fleury e Cia Hering, tinham no final do primeiro semestre caixa pelo menos três vezes superior aos vencimentos de curto prazo, segundo a Economática, o que tende a beneficiar seus resultados.

"Além do ganho, é um indicador de saúde financeira importante para épocas como a atual", disse o sócio da consultoria RiskOffice, Alberto Jacobsen. As receitas com exportação também devem começar a ganhar relevância mas, pelo menos no terceiro trimestre, devem ainda se concentrar nas empresas que têm um ciclo exportador permanente. O grupo inclui as produtoras de celulose Fibria e Suzano; das produtoras de alimentos Brasil Foods e JBS, e de jatos, Embraer.

Para empresas de alguns segmentos, a alta do dólar não deve ser suficiente para compensar a queda do consumo doméstico.

É o caso das siderúrgicas, cuja produção de aço bruto recuou 5,6 por cento em agosto na comparação anual, apesar de salto de quase 70 por cento nas exportações, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr).

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê impacto favorável do dólar mais alto sobre as exportações só a partir de 2016. "As empresas fazem um longo percurso desde a prospecção de clientes até a venda efetiva", disse o presidente do Conselho de Administração da entidade, Carlos Pastoriza.

No Banco do Brasil, o montante contratado nas linhas de exportação no segundo trimestre superou 3 bilhões de dólares, 49 por cento maior que no trimestre anterior. Mas mesmo com a escalada do dólar, a concessão de financiamento para exportação no terceiro trimestre até a primeira semana de setembro recuou para 1,6 bihão de dólares, e por enquanto bastante concentrada em segmentos como produção de soja e empresas de mineração.

Algumas companhias com filiais no exterior, caso da fabricante de motores Weg, e da Valid, de meios de pagamentos, também tendem a se destacar no trimestre, disse Milane, do Santander Brasil.

Para os setores mais ligados ao mercado doméstico, o desafio é limitar o tamanho do prejuízo.

As montadoras tem operado no ritmo de 2006, segundo dados recentes da Anfavea, e devem arrastar consigo a cadeia automotiva. O mesmo vale para a construção civil que, ressentida com a menor oferta de crédito imobiliário, tem arrastado consigo segmentos como materiais de construção e indústria cimenteira.

O varejo, que até meados do ano passado vinha conseguindo ao menos fugir da retração da economia, vem dando sinais seguidos de piora, disse na semana passada o presidente da empresa de meios de pagamento Cielo, Rômulo Dias.

"Temos notado uma deterioração da performance, não só dos volumes, com as famílias preferindo comprar produtos de marcas mais baratas", disse Dias. As prestadoras de serviços como telefonia e eletricidade, além de sofrerem com queda no consumo, também enfrentam índices crescentes de calotes. Segundo a Serasa Experian, os registros de pagamentos em atraso em agosto foram 16,7 por cento maiores do que em igual etapa de 2014, puxados entre outros fatores pelas contas de serviços públicos.

"Houve um aumento de inadimplência, mas está sob controle", disse à Reuters na semana passada o presidente da Eletropaulo, Britaldo Soares.

Texto atualizado às 21h01

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