Compra da Chi-X Europe deve retirar bastante tempo da administração da BATS e atrasar a abertura de uma nova bolsa no Brasil, afirma Deutsche Bank (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h27.
São Paulo – A BATS Global Markets, operadora da terceira maior bolsa dos Estados Unidos, deve anunciar ainda nesta sexta-feira (18) que finalizou o acordo de compra da Chi-X Europe, segundo informa o jornal britânico Financial Times. A aquisição a colocará em segundo lugar na Europa, atrás apenas da London Stock Exchange (LSE, a bolsa de valores de Londres).
O anúncio deve ser feito três dias após a companhia ter assinado um memorando de entendimentos com a gestora de recursos Claritas, que gere 1,7 bilhão de reais em recursos em São Paulo, para explorar oportunidades e criar uma nova bolsa de valores no Brasil, interrompendo assim o monopólio da BM&FBovespa.
Com a aquisição da Chi-X, a BATS planeja implementar na Europa a maior plataforma de negociação de ações por volume já vista em todo o continente. “As negociações estão completas e o anúncio deve ser feito nesta sexta-feira”, destaca a reportagem do periódico britânico, que cita pessoas próximas ao acordo.
A compra, que ainda deverá ser aprovada por reguladores antitruste, será estruturada através de um swap de ações e avaliará a BATS em 1,2 bilhão de dólares e a Chi-X em 360 milhões de dólares. Inicialmente, a operadora norte-americana tinha feito uma oferta de 300 milhões de dólares pela empresa europeia.
Concorrência
O anúncio de que a BATS planeja criar uma bolsa de valores no Brasil para concorrer com a BM&FBovespa, somado a notícia referente a compra da Chi-X Europe, ocorrem em uma semana de grande consolidação das principais bolsas mundiais.
A alemã Deutsche Börse e a norte-americana NYSE Euronext revelaram planos para criar a maior bolsa de valores do mundo, enquanto a London Stock Exchange e o TMX Group do Canadá firmaram um acordo de fusão para unificar suas operações.
A aquisição da Chi-X pela BATS, que já possui operações na Europa através da BATS Europe, criará um forte concorrente para a bolsa de valores de Londres. Criada em 2007, a Chi-X já capturou cerca de 26% das negociações de ações do principal índice britânico (FTSE 100), ficando apenas atrás da LSE.
Brasil
Por aqui, a BATS confirmou na última terça-feira (15) a intenção de criar uma nova bolsa de valores para concorrer com a BM&FBovespa. “Fizemos pesquisas e concluímos que uma nova bolsa de valores é possível no Brasil”, afirmou na ocasião Ken Conklin, vice-presidente sênior de desenvolvimento de negócios e marketing da BATS, em entrevista exclusiva para EXAME.com.
Segundo ele, um dos principais objetivos é o de oferecer uma alternativa mais barata e com mais tecnologia, e que esta já seria uma demanda dos participantes do mercado no Brasil. “Os bancos e corretoras têm um grande desejo pela competição, e é o desejo para reduzir as taxas e oferecer uma melhor tecnologia e serviços do que os existentes hoje”, disse.
“Em todos os mercados que chegamos o nosso objetivo é esse: melhorar os preços e os serviços”, ressalta. Conklin foi o responsável por grande parte da expansão da BATS na Europa.
O Brasil já foi um país com vinte ambientes de negociações de ações e outros ativos financeiros. Esse era o cenário brasileiro na década de 1990. Porém, ao longo dos anos seguintes o mercado se consolidou e, depois da quase quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, então a maior do país, hoje só se fala na BM&FBovespa, fusão entre o ambiente de negociações de derivativos e commodities com o de ações, realizada em 2008.
Avaliação
Diante do cenário de consolidação das bolsas de valores – em que a BM&FBovespa também confirmou um acordo com a Bolsa de Xangai -, o Deutsche Bank avaliou os desafios que a BATS terá para criar uma bolsa no Brasil. Entre eles está a compra da Chi-X Europe que, segundo relatório enviado aos clientes e assinado pelos analistas Mario Pierry e Tito Labarta, deve retirar bastante tempo da administração da empresa.