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Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2010 às 14h27.
São Paulo - A maior fabricante de artigos de tecnologia do Brasil parece ter perdido a corrida de gadgets que marcou 2010. A acirrada concorrência do setor resultou em um ano de solavancos para as ações da Positivo Informática (POSI3), que amargam queda de 44% desde janeiro – 28% só nos últimos 30 dias.
O terceiro trimestre foi duro para a líder de mercado: a empresa surpreendeu os investidores com uma queda de 74% no lucro líquido no período e uma redução de 65,6% no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A maré vermelha nos balanços abateu as ações, que estrearam na BM&FBovespa negociadas a 23 reais em 2006, e hoje são cotadas em torno de 11 reais. (Clique aqui e veja os resultados do 3º tri).
O tombo recente é cortesia da agressividade de grandes nomes mundiais como Apple e HP, dizem analistas. “A concorrência atingiu principalmente o preço dos notebooks, abatidos em 16,9% pelo cenário competitivo no período”, explica Sandra Peres, analista da Coinvalores, que mantém as ações da companhia em revisão após o balanço extremamente negativo.
A Positivo chegou a citar durante sua conferência de resultados a “competição desleal” com alguns produtos de multinacionais. “Como é natural em mercados em forte crescimento, denota-se um acirramento no ambiente competitivo, com vendas de computadores praticamente sem lucratividade, por exemplo”, argumentou o presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg. A empresa foi contatada pela EXAME, mas preferiu não participar da reportagem.
Por outro lado, além da luta para manter sua fatia de mercado, há falhas internas que pesaram nos números, como o registro do aumento das despesas com assistência técnica e garantia durante o terceiro trimestre. “Caso as ineficiências operacionais sejam superadas, mesmo com a concorrência, a tendência das margens é de melhora”, aponta Bruno Gonçalves Amaral, analista da Link Investimentos, que recomenda a manutenção do papel.
Em queda
Por enquanto, as expectativas para as ações não são otimistas. “O mercado antecipou o mau momento da companhia, e os papéis devem continuar precificando isso”, complementa Amaral. As ações não devem ter catalisadores de alta também durante o quarto trimestre. “O setor é exposto à sazonalidade, como as promoções de Natal e o investimento em marketing no período. Os papéis devem continuar pressionados até dezembro”, explica.
Já para 2011, o desempenho em bolsa deve ganhar alívio com ajuda do momento favorável ao consumo de tecnologia e à classe C, na qual a empresa tem posicionamento forte, aponta Luiz Azevedo, analista da corretora Ágora. “Mesmo com o desempenho negativo em 2010, o setor terá um contexto otimista no ano que vem, com a demanda de computadores ainda alta. Além disso, a própria empresa já sinalizou o interesse em melhorar a operação interna”, argumenta.
No entanto, a partir de um certo ponto, para fazer frente à tablets e smartphones é preciso investir em criatividade, diz Azevedo. “Mesmo os ganhos de eficiência vão precisar ser complementados por pesquisa e desenvolvimento. Uma das saídas possíveis é por meio da inovação e da criação de produtos competitivos, novos e com apelo ao consumidor”, sugere.