Ministro do Tesouro espanhol, Cristóbal Montoro, fala durante coletiva de imprensa após reunião de gabinete no palácio Moncloa, em Madri (Andrea Comas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2012 às 11h26.
Madri - Os altos custos de empréstimo da Espanha significam que o país está efetivamente fora do mercado de títulos e a União Europeia deveria ajudar o governo espanhol a recapitalizar seus bancos endividados, afirmou nesta terça-feira o ministro do Tesouro da Espanha, Cristóbal Montoro.
O país irá testar o mercado na quinta-feira e lançar até 2 bilhões de euros (2,5 bilhões de dólares) em títulos de médio e longo prazos em um leilão, o que deixou analistas perplexos com o momento das declarações de Montoro.
"O prêmio de risco diz que a Espanha não tem a porta do mercado aberta", disse Montoro à rádio Onda Cero. "O prêmio de risco diz que, como um Estado, nós temos um problema para acessar os mercados, quando nós precisamos refinanciar nossa dívida."
Montoro disse que os bancos espanhóis deveriam ser recapitalizados através de "mecanismos europeus", afastando-se da postura anterior do governo de que a Espanha poderia levantar dinheiro por si só.
O prêmio de risco que os investidores demandam para deter títulos de 10 anos em vez dos equivalentes alemães atingiram o maior nível na era do euro de 548 pontos-base na sexta-feira, em meio a preocupações de que o frágil sistema bancário da Espanha e regiões amplamente endividadas do país irão eventualmente forçar o país a buscar um resgate aos moldes do que foi dado à Grécia.
O euro caiu para a mínima do dia contra o dólar e os futuros do Bund (títulos alemães) subiram em resposta à avaliação de Montoro. No entanto, o mercado de ações da Espanha estava em alta e os yields dos títulos de 10 anos do país ficaram estáveis abaixo de 6,4 por cento.
"O mercado ainda está bastante nervoso, essas declarações dificultarão o leilão", disse Emile Cardon, economista do Rabobank.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, também demonstrou preocupação de que a Espanha não pode continuar se financiando indefinidamente no mercado a custos de empréstimos tão altos.
Ele tem repetidamente pedido uma ação urgente, o que é entendido como uma ação do Banco Central Europeu para retomar seu programa de compra de títulos ou injetar mais liquidez no sistema financeiro.