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Entenda por que o mercado ficará de olho no Banco Central do Japão nesta semana

Semana será marcada também por reuniões de Fed e Copom

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 29 de julho de 2024 às 09h32.

Última atualização em 29 de julho de 2024 às 10h41.

O Banco Central do Japão se reúne nesta semana e o órgão tem o potencial de movimentar os mercados ao redor do mundo.

Isso porque o Japão é um caso atípico entre as principais economias do mundo. Enquanto os formuladores de políticas nos Estados Unidos e em outros lugares estão se preparando para cortar as taxas de juros ou já fizeram isso, o Banco do Japão está apenas começando a aumentá-las.

O país asiático cortou as taxas de juros abaixo de zero em 2016 e as manteve lá até março, quando anunciou o primeiro aumento de taxa em 17 anos, pois a economia mostrou sinais de recuperação do crescimento anêmico e da baixa inflação. Economistas acreditam que o BC pode aumentar as taxas novamente em sua próxima reunião, que termina na quarta-feira.

Os formuladores de políticas do Federal Reserve se reunirão mais tarde no mesmo dia para considerar um corte de taxa, segundo o New York Times. A expectativa é que os dois bancos centrais mantenham suas respectivas taxas. A semana também será marcada pela reunião do Copom - a tendência também é de manutenção da Selic por aqui.

Combinação dólar-iene

A combinação de um aumento nas taxas de juros japonesas e uma queda nas taxas dos EUA comprimiria uma grande lacuna — ou spread, no jargão do mercado — que os investidores têm procurado explorar. Muito dinheiro se move ao redor do mundo com base em pequenas mudanças nos spreads de taxas: o dólar-iene é o segundo par de moedas mais negociado no mundo, depois do dólar-euro, respondendo por mais de US$ 1 trilhão em transações de câmbio por dia.

Taxas de juros relativamente baixas no Japão têm sido a principal razão para a fraqueza persistente do iene, que recentemente atingiu seus níveis mais baixos em relação ao dólar em décadas, segundo o Times. Isso permitiu que os investidores — principalmente os japoneses — usassem o iene barato para investir em ativos de maior rendimento no exterior, no que é conhecido como "carry trade".

À medida que as taxas no Japão e em outros lugares mudam, esse comércio pode se desfazer — o iene saltou acentuadamente em relação ao dólar nas últimas duas semanas — com repercussões para ações, títulos e outros mercados. O dinheiro pode sair dos Estados Unidos, onde os investidores japoneses são alguns dos maiores detentores de dívida do governo dos EUA e grandes credores de empresas, potencialmente colocando Wall Street sob pressão.

Um iene em alta também prejudica os mercados de ações do Japão, onde empresas de exportação dominam. O índice Nikkei 225 estabeleceu uma série de recordes neste ano, mas tropeçou nas últimas semanas, perdendo mais de 10 por cento de seu pico em meados de julho.

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