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Por que o mercado comemorou a alta do desemprego americano

Dados fracos do payroll derrubam apostas de nova alta de juro nos Estados Unidos; dólar cai e bolsas sobem em meio ao apetite ao risco

Trader em Bolsa de Nova York (NYSE) (Michael M. Santiago/Getty Images)

Trader em Bolsa de Nova York (NYSE) (Michael M. Santiago/Getty Images)

Publicado em 3 de novembro de 2023 às 10h28.

Última atualização em 3 de novembro de 2023 às 10h58.

Os números mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos provocaram doses de otimismo entre investidores nesta sexta-feira, 3. Bolsas de valores sobem no mundo inteiro, enquanto o dólar se desvaloriza frente às principais moedas do mundo em maior apetite ao risco.

Dados divulgados pelo Departamento de Estatísticas Trabalhistas dos EUA revelaram uma alta da taxa de desemprego americana para 3,9% em outubro.  O consenso era de manutenção do patamar anterior de 3,8%.  Sinais de desaquecimento da economia americana também surgiram no payroll desta sexta, que revelou a criação de 150.000 empregos urbanos em outubro. A expectativa era de 180.000 empregos. Os números do mês anterior ainda foram revisados para baixo, de 336.000 para 298.000.

A reação positiva dos mercados aos dados fracos desta sexta tem relação com as expectativas para a política monetária do Federal Reserve, que vem lutando contra a inflação há quase dois anos por meio da alta das taxas de juros. Essa taxa de juro subiu de próxima de 0% para 5,5%, patamar que foi mantido em decisão da última quarta-feira, 1. Na decisão, o Fed alertou para o risco do mercado de trabalho ainda "apertado" alimentar a inflação americana e deixou a porta aberta para novas altas de juros.

Na prática, o payroll desta sexta joga uma pá de cal sobre a possibilidade de o Fed voltar a subir a taxa de juro em dezembro, além de aumentar as expectativas de que os cortes cheguem mais cedo.

"O mercado de trabalho traz dados bem negativos, fechando a conclusão de que o Fed não subirá mais o juro, e ampliando consigo a probabilidade de cenários nos quais o início do ciclo baixista se dará em meados do verão norte-americano", escreveu em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Efeito nos mercados

A perspectiva de um Fed mais brando se reflete especialmente nas curvas de juros dos Estados Unidos, que passaram a precificar menos de 10% de chance de o Fed subir juros em dezembro. Na véspera, antes dos dados do payroll, essa probabilidade era precificada me 20%, segundo dados do monitor do CME Group. Já o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos caem mais de 3% para próximo de 4,51%. Em outubro, tal rendimento chegou a 5%, o maior patamar em 16 anos.

No Brasil, o Ibovespa abriu o pregão em forte alta, incorporando também as perspectivas de novos cortes de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

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