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Por que o Goldman Sachs recomenda a venda de ações de estatais e compra de empresas privadas

Além de risco de intervenção do governo, tese envolve múltiplos mais altos e processos de quedas de juros no Brasil e nos Estados Unidos

Painel de ações da B3; Goldman Sachs recomenda long and short com estatais e empresas privadas (Germano Lüders/Exame)

Painel de ações da B3; Goldman Sachs recomenda long and short com estatais e empresas privadas (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 25 de março de 2024 às 17h31.

Última atualização em 25 de março de 2024 às 18h35.

Analistas do Goldman Sachs estão recomendando a venda de ações de empresas estatais brasileiras e a compra de companhias privadas. A estratégia é conhecida no mercado como long and short. O lucro, no caso, está na diferença de performance entre as duas classes de ativos. Quanto mais as empresas privadas subirem e quanto mais a estatais caírem na bolsa, maior será o retorno do investidor.

A tese apresentada em relatório tem como princípio os múltiplos historicamente elevados das ações de empresas estatais e a recente interferência do governo na distribuição de dividendos da Petrobras. No início do mês, vale lembrar, a Petrobras decidiu não distribuir o lucro remanescente do resultado do ano passado. Foram represados R$ 43,9 bilhões em forma de reservas. A decepção com a não distribuição do provento fez as ações da companhia tombarem mais de 8%, provocando perda de mais de R$ 50 bilhões em valor de mercado. A decisão, segundo o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, foi motivada por orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Tais eventos normalmente levaram a um prêmio de risco mais elevado para os ativos brasileiros. No entanto, as estatais brasileiras estão com uma valuation historicamente elevado em comparação com as suas correspondentes privadas", afirma o Goldman Sachs em relatório.

Efeito queda de juros

A tese também envolve a perspectiva para o início dos cortes de juros nos Estados Unidos e continuidade das quedas no Brasil. Essa dinâmica, segundo os analistas, costuma gerar maiores altas em empresas privadas que estatais. "As empresas estatais estão normalmente em setores de 'valor', que tendem a negociar positivamente com taxas de juro mais altas. Embora os fundamentos das empresas estatais pareçam sólidos, os múltiplos elevados as deixam mais suscetíveis a uma potencial reclassificação no caso de novas intervenções governamentais".

Além da Petrobras, o Goldman Sachs coloca o Banco do Brasil na cesta de estatais em risco. "O pedido da atual administração para que um banco do setor público aumente as ofertas de crédito para a baixa renda e PMEs pode apontar para mais intervenções no futuro."

O banco ainda adiciona que as estatais brasileiras têm apresentado um desempenho superior ao de empresas privadas desde a pandemia. "Em parte, isso deveu-se ao fraco desempenho dos nomes do sector privado, que são historicamente mais sensíveis a taxas mais elevadas."

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