Snap: ações caíram pela primeira vez abaixo de seu preço no IPO nesta semana (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 14 de julho de 2017 às 15h00.
Última atualização em 14 de julho de 2017 às 15h00.
A Snap e a Blue Apron Holdings, duas das aberturas de capital mais esperadas do ano, se transformaram rapidamente em exemplos de empresas cujas altas avaliações privadas não passaram no exame dos mercados públicos.
A urgência dos investidores para ficar com uma fatia do que poderia ser o próximo grande sucesso -- uma aposta na inovação futura -- ajudou a dar impulso às avaliações de empresas privadas deficitárias que enfrentam uma concorrência feroz. Os investidores do mercado público estão mostrando relutância em recompensar valores de mercado altos sem provas de saúde financeira e crescimento futuro. Isto inclui a Snap e a Blue Apron, cujas ações são cotadas abaixo do preço inicial do IPO.
Embora o sucesso de uma empresa não dependa exclusivamente de seu valor de mercado, a desconfiança pode corroer o relacionamento com os clientes, o estado de ânimo dos funcionários e a capacidade de levantar mais fundos. Isto é uma advertência para empresas novas que aceitam fundos privados e poderia ser um indicador ameaçador para as gigantes privadas da tecnologia ainda não listadas em bolsa: se superarem o que os investidores podem tolerar, as ações se expõem a serem bombardeadas.
As ações da Snap, criadora do Snapchat, o aplicativo de fotos que desaparecem, caíram pela primeira vez abaixo de seu preço no IPO, de US$ 17 por unidade, na segunda-feira e continuaram caindo na terça, quando chegaram a US$ 15,44. O valor de mercado da empresa, de cerca de US$ 18,2 bilhões, marca um contraste decepcionante com a meta máxima de avaliação de US$ 40 bilhões descrita por uma pessoa com conhecimento do assunto em outubro.
A Snap foi um dos maiores unicórnios -- empresas privadas com avaliações superiores a US$ 1 bilhão. Tendo acumulado às vezes bilhões de dólares com avaliações cada vez maiores, nomes como Airbnb, a plataforma de aluguel de alojamento de US$ 31 bilhões, ou o Dropbox, a empresa de armazenamento em nuvem de US$ 10 bilhões, talvez tenham que dar aos investidores uma oportunidade de saída. Isso será um verdadeiro teste para saber se essas avaliações ainda estão em pé.
A Blue Apron enfrenta seu próprio rival gigante. Três dias antes do IPO da empresa de entrega de pacotes de refeições, a Amazon.com abalou o setor de alimentação inteiro com um acordo para comprar a Whole Foods Market por US$ 13,7 bilhões.
A empresa com sede em Nova York acabou vendendo suas ações por US$ 10 em 28 de junho, menos de dois terços da sua meta inicial de preços e o segundo maior corte para um IPO nos EUA em cinco anos. Ao levantar US$ 300 milhões, a Blue Apron atingiu um valor de mercado de cerca de US$ 1,9 bilhão, abaixo da avaliação de US$ 2 bilhões obtida por ela em uma rodada de financiamento privada em 2015, quando tinha menos da metade das vendas líquidas que registrou no ano passado.
“É importante notar que esta não é uma empresa de tecnologia só porque os pedidos são recebidos digitalmente”, escreveu Chuck Cerankosky, da Northcoast Research, em uma nota aos clientes na terça-feira. “Não temos dúvidas de que a Blue Apron faz um produto excelente para os consumidores. No entanto, nós consideramos que para os investidores as ações são menos atraentes.”