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Por que esta gestora de R$ 112 bilhões está apostando contra a bolsa dos Estados Unidos

Kinea espera por desaceleração da economia americana, após crescimento surpreendente do terceiro trimestre

Estatua da menininha na Bolsa de NY (Leandro Fonseca /Exame)

Estatua da menininha na Bolsa de NY (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 31 de outubro de 2023 às 16h03.

Última atualização em 1 de novembro de 2023 às 08h10.

O crescimento da economia americana tem surpreendido investidores do mundo inteiro. Mas é possível que a maior aceleração já "esteja no retrovisor", afirmou a gestora Kinea, gestora com R$ 112 bilhões sob gestão.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 4,9% no terceiro trimestre, superando o consenso de economistas do mercado, de 4,3%. Foi o terceiro mês consecutivo de aceleração do PIB americano O consumo das famílias, do governo e o mercado imobiliário contribuíram para o resultado.

Sinais das elevadas temperaturas da economia americana também são sentidos na taxa de desemprego, que segue em nível historicamente baixo, menor que 4%, e em dados de inflação. O núcleo do Índice de Preços sobre Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês, principal referência para as políticas do Fed, está em 3,4% — ainda bem acima da meta de 2%. 

"Fora a forte atividade econômica, os números inflacionários recentes tampouco parecem dar trégua para o Fed (...) Em relação à política monetária, o nível de atividade e inflação, em nossa concepção, pode voltar a surpreender investidores nos próximos meses", escreveu a Kinea em carta a investidores antecipada para a Exame Invest.

Essa combinação de juros mais altos, mercado de trabalho apertado e a volta de pagamento de empréstimos estudantis deve levar os Estados Unidos a uma expansão inferior a 2%, que seria o crescimento potencial do país, segundo a Kinea.

Esse cenário, na visão da gestora, tende a penalizar as bolsas globais, assim como os crescentes riscos geopolíticos desencadeados pela guerra entre Israel e Hamas. "Nossa principal premissa é que não devemos observar uma reaceleração econômica nesse ponto do ciclo, onde a combinação de um mercado de trabalho apertado e juros elevados torna esse cenário bastante improvável".

Como a Kinea está se posicionando

Diante desse cenário,, a Kinea prefere ter mais posições vendidas do que compradas em bolsa. A posição pessimista da gestora é composta especialmente por índices de ações, como os americanos S&P 500 e Russell 2000 e o alemão Dax. A gestora, no entanto, ainda vê boas oportunidades de investimento em teses "estruturais". Entre os temas que incorporam as posições compradas da gestora estão inteligência artificial, urânio, biotecnologia e em empresas de defesa.

Na frente comprada, a gestora também destaca as posições em empresas de semicondutores. "Em virtude da 'guerra fria' entre China e Estados Unidos, que tenta limitar a compra de equipamentos pelos chineses, combinado com o ponto no ciclo econômico, o setor se apresenta descontado, abrindo possibilidade de formarmos uma posição."

Quanto ao mercado brasileiro, a gestora avalia que as taxas de juros futuras tem sido cada vez mais influenciada pelo movimento dos títulos internacionais, seguindo a trajetória ascendente.  Isso, no entanto, não deve impactar os cortes de juros já sinalizados pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O ritmo de 0,50 ponto percentual por reunião deve continuar, afirmou a Kinea.

A questão principal, de acordo com a gestora, é sobre até quanto o Copom poderá cortar a taxa de juros. "O mercado, que já chegou a precificar uma taxa abaixo de 9%, hoje tem aproximadamente 10,75% nos preços. Nesses níveis, voltamos a ver prêmio de risco na curva brasileira e estamos gradualmente remontando posições aplicadas para juros menores nos prazos de até 3 anos."

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