Mercados

Por que empresas chinesas suspenderam negociações de ações

Com a suspensão de negociações, foram congelados US$ 2,6 trilhões em ações


	Investidor olhando um computador que mostra informações sobre ações em uma corretora de Shanghai, na China
 (Reuters/Aly Song)

Investidor olhando um computador que mostra informações sobre ações em uma corretora de Shanghai, na China (Reuters/Aly Song)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2015 às 16h01.

Pelo menos 1.331 companhias suspenderam as negociações nas bolsas da China Continental, congelando US$ 2,6 trilhões em ações, ou cerca de 40 por cento do valor de mercado do país, informa hoje a Bloomberg News.

O Shanghai Composite Index caiu 5,9 por cento nesta quarta-feira. Agora, o índice está 32 por cento abaixo do pico de 5.166 pontos que atingiu no dia 12 de junho. A correção de empréstimos marginais está pondo lenha na fogueira.

Os investidores particulares, como todos nós sabemos agora, aproveitaram condições generosas de financiamento marginal para entrar no mercado acionário e depois desenvolveram suas carteiras.

Menos conhecido é o fato de que as empresas chinesas vêm fazendo exatamente a mesma coisa utilizando suas próprias ações corporativas para obter créditos bancários.

Isto significa que elas têm muito a perder quando os preços dessas ações iniciam uma acentuada tendência à baixa.

Diz Nick Lawson do Deutsche Bank: “As ações estão sendo suspensas pelas próprias companhias porque muitas delas têm empréstimos bancários garantidos por ações que os próprios bancos podem querer liquidar, unindo-se às filas de vendedores marginais”.

Os analistas da Nomura acrescentam: “Alguns empréstimos bancários foram concedidos com ações de empresas listadas como garantia”.

Montante estimado

Aqui os números são imprecisos, mas a equipe da Nomura estima que o montante total desses empréstimos pode ser de 500 bilhões a 600 bilhões de yuans (de US$ 80 bilhões a US$ 96 bilhões), o que parece muito, mas equivale a cerca de 1 por cento do total de empréstimos a companhias chinesas.

A dinâmica atualmente em andamento faz lembrar os problemas que as empresas americanas de energia encontraram quando o preço do petróleo despencou.

Muitos exploradores de xisto têm empréstimos bancários atrelados ao valor de suas reservas de petróleo e gás.

Quando o preço do petróleo começou a despencar no ano passado, essas linhas de crédito foram reavaliadas geralmente para um valor inferior, limitando a quantidade de crédito disponível para as empresas de energia e aumentando a pressão sobre empresas que já estavam lidando com os efeitos adversos de preços muito mais baixos do petróleo bruto.

A forma mais fácil de deter um ciclo difícil de queda de preços das ações que causa uma diminuição do crédito corporativo, além de problemas futuros para as empresas chinesas e, depois, cada vez mais pressão sobre os preços das ações, é deter completamente a negociação de ações.

Por falar nisso, a última medida dos reguladores chineses anunciada nesta quarta-feira proíbe que os executivos de empresas vendam ações durante seis meses.

O círculo vicioso descrito acima também explica por que o banco central da China atuou rapidamente para apoiar o mercado, em um esforço para limitar o impacto sobre o conjunto da economia.

Acompanhe tudo sobre:AçõesÁsiaChinaEmpresasMercado a termoMercado financeiro

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney