Mercados

Por que a reação negativa à volta de Lula perdeu força

Cenário dos EUA rouba a cena, mas mercado vê chance de volta de Meirelles ao BC e articulação política de Lula como fatores positivos


	Luiz Inácio Lula da Silva: ex-presidente aceita comandar a Casa Civil
 (.)

Luiz Inácio Lula da Silva: ex-presidente aceita comandar a Casa Civil (.)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 16 de março de 2016 às 18h31.

São Paulo - A reação inicial negativa dos investidores à notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá a Casa Civil foi perdendo força ao longo desta quarta-feira (16). 

O dólar comercial, que chegou a subir até R$ 3,854 durante a sessão, inverteu a tendência e fechou em queda de 0,64%, a R$ 3,739 na venda. Já o Ibovespa perdeu até 1,3% na mínima do pregão, mas terminou o dia em alta de 1,34%, aos 47.763 pontos

O cenário interno perdeu espaço para os Estados Unidos, onde animou os investidores a notícia de que o Federal Reserve (banco central americano) vai continuar aumentando os juros naquele país em um ritmo bem mais lento do que o imaginado.

Mas, por aqui, também ajudou a amenizar o temor do mercado a percepção de que algumas possíveis mudanças na política econômica seriam positivas, apesar de Lula estar sendo investigado pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato.

Uma delas é a possibilidade de nomes bem vistos aos olhos do mercado voltarem à tona. Chegou-se a cogitar nesta quarta-feira que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles voltaria ao comando da autoridade monetária.

A hipótese foi descartada mais tarde pela presidente Dilma Rousseff, que concedeu entrevista a jornalistas em Brasília.

Os jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico e a agência de notícias Broadcast, no entanto, informaram que o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, poderia resignar seu cargo com a chegada de Lula.

Isso porque, segundo o Valor, Lula promoverá um "plano de reanimação nacional" com medidas como corte de juros, por exemplo, para resgatar a confiança de empresários e consumidores. 

Analistas e economistas consultados por EXAME.com também disseram que o mercado pode ter enxergado alguma vantagem em ter o Lula como novo articulador do governo.

"A ideia é que a presença de Lula ajude o governo a promover acertos com o PMDB, devolvendo alguma governabilidade para um comando que já estava perdido", disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos

"A dúvida é se isso se sustenta ao longo dos próximos dias, em função do avanço da Lava Jato e seus desdobramentos. O mercado amanhã pode testar até que ponto essa avaliação é duradoura", completou.

Mas a opinião não é unânime. Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimentos disse que será difícil Lula reconquistar o apoio de membros do PMDB, especialmente depois das manifestações do último domingo (13).

"O partido está muito dividido", afirmou. "Também é preciso considerar que boa parte da volta do Lula ao governo já havia sido colocada nos preços dos ativos nos últimos dias, o que ajudou a atenuar a reação do mercado nesta sessão."

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