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Por que a CSN teve a maior alta da bolsa no 1º semestre?

Com a alta expressiva do minério de ferro, o conglomerado de Benjamin Steinbruch vem agradando o mercado com seu bom desempenho na mineração

Aciaria da CSN em Volta Redonda: siderurgia perdeu rentabilidade (Bia Parreiras/EXAME/Exame)

Aciaria da CSN em Volta Redonda: siderurgia perdeu rentabilidade (Bia Parreiras/EXAME/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 10 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 13h24.

Com uma valorização de 102% em 2019, as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), conglomerado industrial comandado por Benjamin Steinbruch, registraram a maior alta da bolsa de valores brasileira no primeiro semestre. Muito mais do que o negócio de aço, a empresa está aproveitando o momento excepcional do minério de ferro para reduzir seu endividamento e recuperar as perdas da crise econômica dos últimos anos.

O portfólio da CSN inclui negócios em aços, cimento, minério de ferro, embalagens e até operação portuária. Mas com a crise que assolou a atividade industrial brasileira nos últimos anos, principalmente de 2014 a 2016, a diversificação não foi suficiente para evitar uma dívida líquida quatro vezes superior a sua geração de caixa.

A siderurgia, seu principal negócio - quando o minério de ferro não está em alta -, vem dando soluços. Com uma breve retomada da demanda por aço no ano passado, a companhia conseguiu aplicar aumentos de preços e recuperar uma parte da rentabilidade, fechando 2018 com um avanço de 20% da receita líquida e quase o dobro da geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

Mas a projeção da indústria siderúrgica de recuperação do consumo de aço em 2019 não se confirmou, minguando as expectativas do setor, que deve apresentar retração dos números no segundo trimestre.

O que salvou a CSN neste ano e vem animando os investidores é a alta galopante do minério de ferro. Após o desastre de Brumadinho, Minas Gerais, em 25 de janeiro, a oferta foi reduzida e os preços da matéria-prima foram às alturas, uma vez que a Vale é a maior produtora global (juntamente com a anglo-australiana Rio Tinto). Boa notícia para as mineradoras. Em 2018, o preço médio da commodity oscilou na casa dos 65 dólares a tonelada. Hoje, a cotação está na casa dos 118 dólares.

Com isso, a operação da CSN na mina Casa de Pedra, em Minas Gerais, vem rendendo excelentes frutos. Atualmente, a companhia vende uma média de 35 milhões de toneladas por ano, figurando como a segunda maior exportadora de minério de ferro do país, atrás apenas da Vale.

No primeiro trimestre de 2019, o Ebitda da mineração da CSN atingiu 1,2 bilhão de reais, alta de 51% sobre o trimestre anterior e quase três vezes maior do que um ano antes. De janeiro a março de 2019, a melhora dos preços elevou em 68% o Ebitda sobre a tonelada.

Ainda no final de março, a companhia de Steinbruch anunciou ao mercado um contrato futuro de fornecimento de minério de ferro com a Glencore, considerada o maior trader de commodities do mundo. Segundo fato relevante, a transação envolve pré-pagamento para a CSN Mineração de 500 milhões de dólares e um fornecimento de aproximadamente 22 milhões de toneladas em 5 anos.

“Se concluída, essa transação vai ajudar a reduzir o endividamento da companhia, mesmo que o patamar da dívida ainda não se torne o ideal”, avalia Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora.

O analista da Ativa Corretora, Ilan Arbetman, aponta que o contrato com a Glencore e a continuidade da política de desinvestimentos acabaram tornando a CSN mais atrativa, mesmo em um momento ruim e de base fraca para a siderurgia. “Em um período em que liquidez é artigo raro, a empresa acabou se destacando.”

Nova fábrica

O que não ficou muito claro para o mercado foi o anúncio, no início do mês passado, de uma nova planta de aço pela CSN, o que poderia elevar novamente a dívida da empresa. Em protocolo de intenções assinado com o governo do Estado de São Paulo, a companhia prevê investimento estimado de 1,5 bilhão de reais para uma linha de aço galvanizado - usado no setor automotivo e em linha branca (geladeiras e máquinas de lavar) - com capacidade instalada de 350 mil toneladas por ano.

O local da nova unidade ainda não foi definido, mas conforme apurou a reportagem de EXAME, a ideia é estar próximo ao eixo Rio-São Paulo, onde estão empresas como a General Motors, importante cliente que utiliza o aço da CSN em diversos modelos.

“Esse projeto deve ser mais de longo prazo, até porque a economia continua fraca e não há espaço para aumento de capacidade”, pondera Galdi.

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