Jogadores da seleção brasileira: para analista da Empiricus, como o evento está marcado há muito tempo, o mercado já vem embutindo suas perspectivas sobre algumas ações (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 08h16.
São Paulo – O diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, já indicou o que a Copa do Mundo e o período eleitoral trazem para a Bolsa em 2014: apenas feriados. Enquanto a Copa do Mundo não chega, os torcedores podem acompanhar as projeções para o ano – que apontam para uma recuperação econômica global ganhando força, mas com crescimento econômico “sem brilho” para o Brasil nos próximos anos. Como fica a Bovespa nesse cenário?
Para o analista da Empiricus Roberto Altenhofen, como o evento está marcado há muito tempo, o mercado já vem embutindo suas perspectivas sobre algumas ações - de empresas que vendem bebidas, por exemplo. Um relatório do Credit Suisse de junho de 2013 já indicava as ações que poderiam se beneficiar diretamente e indiretamente.
Mas, para Altenhofen , em linhas gerais, o impacto da Copa é mais negativo que positivo. “Embora tenha algum beneficio pontual em algumas ações, haverá menos dias úteis”, afirmou.
As ações não oscilariam no momento do evento, segundo Altenhofen, a influência viria mais em decorrência do impacto da Copa nos resultados do segundo e terceiro trimestres.
Zona Cinzenta
Altenhofen coloca alguns papéis no que ele chama de “zona cinzenta”: podem ser beneficiados, mas há muitas incertezas. Neste grupo, estariam ações de companhias aéreas, por exemplo, que ganham muito com o fluxo de turismo do evento, mas, possivelmente, perderão no fluxo corporativo.
“Penso que foi depositada uma expectativa que pode ser frustrada”, afirmou. Os hotéis também tem o risco de sentir a perda do fluxo corporativo, apesar dos turistas. Altenhofen citou o papel do Brazil Hospitality Group (BHGR3), que tem queda de 8% no ano.
A rede hoteleira BHG, que comprou o hotel Marina Palace, no Rio de Janeiro, já afirmou acreditar que o maior benefício da Copa do Mundo virá depois do evento. No começo do ano, o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, afirmou à Reuters que, na África do Sul, o efeito da Copa foi sentido um ano depois.
Para o Credit Suisse, o impacto da Copa do Mundo na Guararapes (GUAR4) é incerto – o evento será um dos desafios para a companhia no ano, segundo relatório do banco de fevereiro.
Perde-ganha
Algumas companhias perdem em um lado e ganham no outro. Neste grupo, Altenhofen citou a Log-In (LOGN3), que pode perder com os feriados - que diminuiriam a produtividade industrial – mas ganhar com o transporte de bebidas e eletrônicos.
“Ganhadoras”
O grupo das “ganhadoras” reúne empresas em que as expectativas de aumento de vendas já estariam precificadas, segundo Altenhofen, como é o caso da Ambev (ABEV3), pelo aumento da venda de bebidas, e também de Alpargatas (ALPA4), Grendene (GRND3) e Marcopolo (POMO4).
Alpargatas e Grendene - vistas pelo Credit Suisse como ações que se beneficiariam diretamente do evento - podem se beneficiar do aumento de consumo de produtos nacionais enquanto a Marcopolo, da produção de ônibus para delegações e pelos investimentos em mobilidade urbana que já foram feitos.
No entanto, para o analista, a projeção desses efeitos também estaria incorporada às cotações e ainda não se sabe se elas irão corresponder à altura da expectativa.
“Azaronas”
Altenhofen cita alguns papéis que também poderiam se beneficiar, como a CVC (CVCB3), que poderia ganhar impacto no fluxo, e a Minerva (BEEF3), em um efeito parecido com o da Ambev. “A Minerva ganhou um estímulo marginal na Copa das Confederações com os churrascos”, afirmou. A Localiza (RENT3), com o aluguel de carros, também poderia surpreender – para o Credit, ela se beneficiaria diretamente.
Há empresas que, parecem apostas óbvias de benefícios com a Copa do Mundo, mas que podem frustrar, segundo Altenhofen, como a Cielo (CIEL3). Em sua teleconferência sobre o balanço de 2013, a empresa comentou que os resultados da companhia podem ser adversamente afetados por menor movimento no comércio devido à Copa do Mundo no país.
De acordo com o presidente-executivo da Cielo, Rômulo Dias, se a seleção brasileira for à final do evento, isso possivelmente implicará em quatro dias de ponto facultativo no país – o que pode ter efeito negativo superior ao da vinda de estrangeiros ao país, segundo o executivo.