Mercado Abierto Electrónico: os donos são bancos e corretoras (Marcos Brindicci/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 15 de novembro de 2017 às 08h02.
Última atualização em 15 de novembro de 2017 às 08h02.
São Paulo - A plataforma para negociação de câmbio à vista da Argentina vai listar ações em bolsa no ano que vem, de acordo com seu novo presidente.
A Mercado Abierto Electrónico, também a principal plataforma de negociação de títulos de dívida do país, pretende fazer a listagem exigida pela legislação, informou Pablo León em sua primeira entrevista desde a indicação ao cargo, em 9 de novembro.
A lei de mercado de capitais de 2013 exige que mercados passem por um processo de desmutualização — ou seja, sejam de propriedade de acionistas e não apenas de seus membros. Por causa desse regulamento, as ações da Bolsas y Mercados Argentinos (BYMA) foram listadas em maio.
"Pretendemos listar em 2018, mas ainda não há uma data", disse León. Atualmente, bancos e corretoras são donos da MAE. León, 53 anos, manterá o cargo de vice-presidente de finanças do Banco de Galicia y Buenos Aires, onde iniciou a carreira na mesa de operações 30 anos atrás. Ele é responsável por gestão de recursos, investidores institucionais e clientes do setor público.
No ano que vem, a MAE dará prioridade à criação de novos derivativos em um esforço para aumentar a liquidez após perder participação nas operações com contratos futuros para a Rosario Futures Exchange (Rofex). Segundo León, a intenção é lançar já em março derivativos vinculados à taxa de câmbio, à taxa básica de juros e à Unidade de Valor Aquisitivo (UVA, uma referência oficial atrelada à inflação).
León diz aguardar ansiosamente uma nova regulamentação para derivativos que será incluída em um projeto de lei para os mercados de capitais que deve tramitar no Congresso após as eleições parlamentares. A novidade permitirá o hedge com derivativos transnacionais, que não estão regulamentados atualmente. Ele também defende a criação de uma única câmara de compensação na Argentina para tornar as operações mais baratas e seguras.
"Hoje é preciso fazer várias operações de compensação e isso é ineficiente", ele disse. "Precisamos de uma câmara de compensação central que faça a correspondência de todos os fluxos em pesos e títulos — não importa se são negociados na MAE, Rofex ou BYMA — e dirija os pesos para uma conta."
León se recusou a comentar sobre notícias informando que a MAE tem planos para criar uma central depositária para concorrer com a Caja de Valores, pertencente à BYMA.