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Plano & Plano acende alerta sobre IPOs de construtoras

Valor da oferta fica abaixo da faixa indicativa e especialistas veem baixa demanda para ofertas do setor

IPO da Mitre: construtora foi uma das empresas que abriram capital na B3 em 2020 (Mitre/Divulgação)

IPO da Mitre: construtora foi uma das empresas que abriram capital na B3 em 2020 (Mitre/Divulgação)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 15h59.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 18h39.

Quarta empresa do setor de construção civil a abrir o capital na B3 somente neste ano, a Plano & Plano, subsidiária da Cyrela, teve sua oferta precificada em 9,40 reais – 16,4% inferior ao piso da faixa indicativa e quase 40% inferior ao topo.

O valor abaixo da faixa, que revela a baixa demanda para a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), pode ser um sinal de alerta para outras incorporadoras que pretendem entrar na bolsa. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 16 empresas estão com IPO em análise, sendo, disparadamente, o setor com o maior número de empresas na fila da bolsa.

“Com a queda dos juros, elas viram a bolsa como uma grande oportunidade de crescimento. Mas o setor de construção civil está com excesso de companhias na bolsa. Mesmo antes dessas novas empresas chegarem, as próprias empresas que já estavam na bolsa fizeram oferta de ações [follow-on]. O mercado está mais seletivo”, afirma Victor Hasegawa, gestor da Infinity Asset.

Com a chegada da Plano & Plano, o número de incorporadoras listadas na B3 vai subir para 24 empresas. “O mercado está saturado da história de construtoras de média e alta renda com atuação só em São Paulo e Rio”, afirma Pedro Lang, diretor de renda variável do Valor Investimentos. Segundo ele, é provável que as próximas companhias do setor tenham de dar desconto em relação às já listadas para a demanda atender à oferta. “Quem está entrando nesses IPOs está levando tudo. Não tem rateio.”

Dos 12 IPOs realizados neste ano, metade acumula queda em relação à precificação inicial, sendo que das três construtoras as três estão nessa lista. “Não tem como uma empresa chegar querendo ganhar o múltiplo de uma Cyrela, que está há anos e anos na bolsa e já tem um histórico. Por isso a demanda é fraca.”

Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, avalia que, além de não ter histórico em bolsa, as construtoras que estão chegando agora ao mercado de ações apresentam outras duas desvantagens em relação às já listadas. “Tem pouca informação e pouco tempo para analisá-las. É natural o mercado pedir um desconto. Já houve um boom de IPOs de construtoras há alguns anos e muitas delas nem existem mais”, comenta.

Apesar da maior seletividade nos IPOs de construtoras, a demanda segue alta por empresas de setores novos na bolsa. Um exemplo foi o IPO da Petz, no qual os investidores conseguiram levar apenas 5% no rateio devido à procura.

“Se o setor for bom e [a empresa] for bem gerida, com certeza há demanda. A [rede de supermercados] Mateus está vindo para o IPO e só tem duas empresas [GPA e Carrefour]. Então, provavelmente vai ter demanda”, diz Hasegawa.

Também há expectativa de alta demanda para pelo menos outras duas empresas de varejo digital: a Enjoei, de venda de produtos usados pela internet, e a Wine, de vinhos. “Teses diferentes e ligadas à tecnologia sempre atraem os holofotes. Pessoa física adora essas teses de varejo digital porque consegue entender mais fácil. Vê o marketplace, vê a venda de livros, são coisas mais simples. Mas o momento ainda é de muitas dúvidas econômicas, então é preciso ser seletivo em qualquer oferta”, afirma Lang.

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