Petrobras (PETR4): novo plano estratégico prevê investimentos superiores a US$ 100 bilhões (Wagner Meier/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 26 de novembro de 2023 às 09h23.
Um dos assuntos mais comentados no ecossistema financeiro na última sexta-feira, 24, foi a Petrobras (PETR4) — ou, mais especificamente, o seu plano estratégico 2024-28. Entre os principais destaques, e que tem dividido a opinião de especialistas, é o aumento de 31% dos investimentos totais da estatal, que estão previstos para a casa dos US$ 102 bilhões e que serão divididos em dois tipos de projetos: em implementação (US$ 91 bilhões) e em avaliação (US$ 11 bilhões).
A nova estratégia da Petrobras vai na contramão dos últimos anos, em que a estatal apostou nos desinvestimentos e buscou focar no segmento de exploração e produção de óleo e gás. Agora, a companhia objetiva crescer, também via fusões e aquisições, além de buscar a diversificação de atividades. “Na nossa opinião, esta estratégia não parece a ideal para a criação de valor no longo prazo, uma vez que, historicamente, a diversificação de atividades da PETR4 muitas vezes não conseguiu produzir retornos adequados”, dizem os analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME).
Apesar disso, em relatório, o banco afirma que o plano estratégico não tirou da petrolífera os “aspectos-chave” da perspectiva ainda otimista em relação à tese de investimento. “Esperamos que a disciplina, juntamente com a diversificação gradual, ainda impulsione a geração robusta de fluxo de caixa (FCF) em breve”, dizem os analistas.
Outro banco a seguir por um raciocínio semelhante é o Santander, que ainda pontua o fato de a Petrobras ter uma orientação de aumento da produção, de aproximadamente 5%, para 2024, enquanto os investimentos devem ficar na ordem dos US$ 18 bilhões. “Acreditamos que isso apoia a forte geração de FCF e dividendos a curto prazo – chave para a tese de investimento”, dizem os analistas do banco, também em relatório.
Os analistas do Santander afirmam que as expectativas de entrada de caixa permanecem as mesmas, mas os pagamentos de dividendos da PETR4, previstos para o quinquênio entre 2024-28 são mais baixos devido à nova política de dividendos implementada neste ano e aos investimentos previstos. “As previsões de dividendos foram reduzidas para US$ 40-45 bilhões para o período (de US$ 65-70 bilhões anteriormente) devido à mudança na política de dividendos e maiores investimentos.”
Além disso, eles observam que a estatal manteve sua posição de caixa de referência inalterada em US$ 8 bilhões e sua dívida bruta inalterada em US$ 65 bilhões. Segundo o banco, tais metas trazem mais visibilidade em relação a possíveis atividades de fusões e aquisições, “visto que a Petrobras dificilmente fará grandes fusões e aquisições de ativos alavancados (por exemplo, a Braskem que tem aproximadamente US8,5 bilhões em dívida bruta).”
O BTG Pactual, por sua vez, salienta que, conforme o novo plano estratégico, qualquer projeto em avaliação passará por uma análise minuciosa de viabilidade financeira. “Acreditamos que isso não ameaçará a política de dividendos da Petrobras, nem o nível máximo de dívida de US$ 65 bilhões e reserva mínima de caixa de US$ 5 bilhões”, afirmam os analistas.
E ainda que veja a nova política de dividendos como um movimento na “direção errada”, o banco segue a mesma linha do Santander ao ainda enxergar razões para acreditar que a empresa irá gerar mais caixa do que o mercado espera, impulsionada por uma produção superior ao esperado, investimentos mais baixos e mecanismos robustos de governança corporativa. “Enquanto a dinâmica persistir, a Petrobras continuará a ser uma atraente história de geração de dividendos.”