Bolsas: investidores não se animam com PIB da China (Thomas Peter/Reuters)
Repórter de finanças
Publicado em 16 de abril de 2024 às 08h35.
Última atualização em 16 de abril de 2024 às 08h35.
Os mercados internacionais operam em queda na manhã desta terça-feira, 16. As bolsas asiáticas fecharam com desvalorização, enquanto os índices futuros dos Estados Unidos, da Europa e o Ibovespa futuro também recuam. Dow Jones é o único que sobe no pré-mercado.
O clima de mais cautela entre os investidores é derivado de um conjunto de fatores, como a possibilidade de Israel atacar o Irã em resposta aos disparos de drones e mísseis realizados no final de semana, o Produto Interno Bruto (PIB) da China que não animou investidores, dados mais fortes da economia americana e receio sobre a nova meta fiscal no Brasil.
A China divulgou nesta terça-feira, 16, o PIB do primeiro trimestre de 2024. O crescimento econômico foi mais robusto do que o esperado, avançando 5,3% no período, ligeiramente melhor do que no trimestre anterior e superando as estimativas. Entretanto, segundo a Bloomberg, alguns sinais, porém, ligaram o alerta nos investidores, como queda nas vendas do varejo e produção industrial aquém das expectativas.
A segunda maior economia global tem enfrentado desafios para impulsionar seu crescimento de forma sustentável desde o início da pandemia. Pequim tem direcionado esforços para o avanço tecnológico, destacando-se o setor de carros elétricos. No entanto, uma crise imobiliária duradoura tem impactado a confiança econômica, com os preços em queda por mais de um ano. Isso resulta em uma demanda interna fraca, afetada por uma deflação contínua.
De olho na agenda do dia, investidores aguardam, no Brasil, o relatório de produção e vendas da Vale (VALE3) no 1T24, que sairá depois do fechamento do pregão. A mineradora também teve a liminar que autorizava o funcionamento da Mina de Sossego da Vale suspendida nesta terça.
Já nos Estados Unidos, o mercado está de olho nas falas do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, sobre as perspectivas econômicas. Na semana passada, os resultados acima do esperado deixaram um certo pessimismo no ar.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,4% em março. Com isso, a alta acumulada de preços ao consumidor no país nos últimos 12 meses ficou em 3,5%. A inflação persistente pode impactar na decisão de corte de juros por lá. Com juros mais altos na maior economia do mundo, as bolsas globais acabam penalizadas – em especial as de países emergentes como o Brasil.
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO) foi enviado, nesta segunda-feira, 15, ao Congresso e não agradou todo o mercado. Um ponto de destaque foi a flexibilização das metas fiscais previstas para o período entre 2025 e 2028 com encarecimento do dólar.
Outro ponto-chave citado por analistas foram as “projeções de receitas superestimadas” e de “despesas subestimadas”, além da projeção de longo prazo, com PIB de 2,5% nos próximos anos, que foi avaliada como “muito otimista”. O governo também estima nas mudanças que o valor do salário mínimo deve atingir R$ 1.502, um reajuste de 6,37% - valor arredondado de R$ 1.501,94.
O petróleo também segue no radar dos investidores. Nesta terça-feira, 16, as cotações ainda caíam, como o WTI recuando 0,25% a US$ 85,20 e o Brent desvalorizando 0,22% US$ 89,90%. Mas o cenário pode mudar com a promessa de Israel de responder a um ataque do Irã contra seu território, mantendo as tensões elevadas no Oriente Médio.
A atenção dos investidores está agora voltada para a forma e o momento da resposta de Israel. Nações ocidentais e árabes estão buscando persuadir o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que uma retaliação robusta ao ataque do Irã poderia prejudicar os interesses de Israel.
O Oriente Médio representa aproximadamente um terço da produção global de petróleo bruto, e o Irã é o sétimo maior produtor mundial dessa commodity. A medida que a guerra ganha novos capítulos, aqui no Brasil, que pode ser impactado são as petroleiras, incluindo Petrobras (PETR4).
A companhia também está envolvida em outras polêmicas que podem ter um desenrolar ainda nesta semana. Também na segunda-feira, o desembargador Marcelo Saraiva, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sustou a decisão que havia afastado o ex-ministro Sergio Rezende do Conselho de Administração da Petrobras. Com isso, a expectativa de integrantes do governo é que o presidente do Conselho, Pietro Sampaio Mendes, também seja restituído antes de sexta-feira, 19, quando o conselho tem a próxima reunião ordinária.