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Petróleo pode atingir US$ 200; valor mais alto desde a Guerra do Golfo

Economistas da Nomura Holdings alertam que petróleo poderá se valorizar fortemente caso Líbia e Argélia interrompam a produção

O anúncio do líder Muammar Kadafi de que irá lutar até “a última gota de sangue” para não abandonar o poder elevou as tensões no norte da África (AFP/Arquivo  Filippo Monteforte)

O anúncio do líder Muammar Kadafi de que irá lutar até “a última gota de sangue” para não abandonar o poder elevou as tensões no norte da África (AFP/Arquivo Filippo Monteforte)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2011 às 13h31.

São Paulo – Analistas do banco japonês Nomura Holdings, liderados pelo economista Michael Lo, sinalizaram nesta quarta-feira (23) que os conflitos no Oriente Médio podem provocar uma ruptura nas exportações dos países produtores de petróleo, levando a produção da commodity para níveis apenas vistos durante a Guerra do Golfo.

"Se a Líbia e a Argélia interromperem a produção de petróleo ao mesmo tempo, os preços deverão disparar para 220 dólares o barril, reduzindo a capacidade de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para 2,1 milhões de barris diários, valores idênticos aos vistos durante a Guerra do Golfo, época em que os preços bateram os 147 dólares", afirmaram os analistas da Nomura Holdings em relatório obtido (leia) por EXAME.com.

A OPEP tem atualmente capacidade de produção de 5 milhões de barris diários, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). A Argélia produziu, apenas no mês passado, 1,25 milhão de barris de petróleo por dia, enquanto a produção na Líbia cresceu para 1,59 milhão de barris diários.

Rumo aos US$ 200

Os contratos futuros do petróleo nos Estados Unidos atingiram nesta quarta-feira a cotação de 100 dólares o barril, pela primeira vez desde outubro de 2008, influenciado pelos conflitos no norte da África e no Oriente Médio.

Os investidores temem que os altos custos do petróleo possam diminuir o ritmo de crescimento da economia mundial. A Líbia, 15º maior exportador de petróleo do mundo e terceiro da África, envia a maior parte de sua produção para a Europa.

Manifestantes opositores tomaram o controle de cidades portuárias após o anúncio do líder Muammar Qaddafi de que irá lutar até “a última gota de sangue” para não abandonar o poder. Desde o início das tensões, muitos governos tem retirado seus cidadãos da Líbia. ”Um aumento de US$ 10 nos preços do petróleo reduz o crescimento dos Estados Unidos em 0,5% em dois anos”, avaliou o Deutsche Bank em relatório citado pela Bloomberg News.

O barril do tipo WTI com vencimento em abril registrava ganho de 2,69% em Nova York, cotado a 97,99 dólares às 16h55 (horário de Brasília). No mesmo sentido, o preço da gasolina nos Estados Unidos avançava pelo terceiro dia consecutivo, registrando alta de 4,16%, o maior ganho em mais de dois anos, para 2,710 dólares por galão.

O avanço do petróleo incentiva a queda nas principais praças mundiais. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones recuava 0,71%, aos 12.125,49 pontos, enquanto o Nasdaq caia 0,93%, para 2.730,77 pontos. O S&P500 perdia 0,43%, para 1.309,80 pontos. No Brasil, após recuar durante grande parte do dia, o Ibovespa - principal benchmark brasileiro - registrava há pouco alta de 0,94%, aos 67.067 pontos.

Cenário corporativo

Enquanto algumas empresas são beneficiadas pelo avanço nos preços do petróleo, em especial as produtoras da commodity, outras amargam forte queda nas bolsas de valores mundiais pelo uso do combustível, como é o caso das companhias aéreas.

No Brasil, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) atingiram hoje a máxima de 5,54%, negociadas a 33,29 reais, enquanto as preferenciais (PETR4) avançaram 3,67%, cotadas a 28,79 reais na BM&FBovespa. Na contramão, os papéis preferenciais da TAM (TAMM4) contabilizavam perda de 3,87%, a 33,50 reais, enquanto os da Gol (GOLL3) caíam 4,11%, negociados a 21,45 reais.

Na opinião de Nelson Rodrigues de Matos, analista do BB Investimentos, a alta nas ações da Petrobras deverá acompanhar os conflitos geopolíticos no norte da África. “Se a crise se alastrar para países com maior relevância na produção de petróleo, os papéis da estatal poderão subir ainda mais”, alerta.

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