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Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 18h28.
Nova York - Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda hoje, apesar de ter ocorrido uma recuperação de preço durante a tarde em meio a informações referentes a protestos contra o governo da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo. Depois de chegar a cair mais de 3,5% por conta da divulgação de indicadores econômicos ruins pelo mundo, o petróleo bruto para entrega em abril negociado na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês) começou a recuperar-se das perdas com as notícias de protestos na Arábia Saudita, mas fechou em queda de US$ 1,68, ou 1,61%, a US$ 102,70 por barril.
Na plataforma eletrônica ICE, os contratos futuros de Brent encerraram a sessão em queda de US$ 0,51, ou 0,44%, a US$ 115,43 por barril, mas chegaram à mínima de US$ 113,52 no decorrer da sessão.
Forças de segurança da Arábia Saudita abriram fogo contra manifestantes reunidos em Qatif, no leste do país. Pelo menos três participantes ficaram feridos, disse uma testemunha à agência de notícias AFP. Centenas de pessoas saíram às ruas de Qatif hoje para exigir a libertação de prisioneiros mantidos pelo governo.
Os relatos de violência - um dia antes dos protestos apelidados de "dia da ira", convocados para amanhã - indicam que as manifestações populares ocorridas nos últimos meses em diversos países do Oriente Médio e do Norte da África podem ter finalmente chegado ao reino rico em petróleo.
Até agora os protestos que já derrubaram ditaduras no Egito e na Tunísia e deixaram a Líbia à beira da guerra civil haviam passado ao largo da Arábia Saudita. Mas as notícias de turbulência no reino têm implicações profundas para o mercado de petróleo.
A Arábia Saudita produz quase 9 milhões de barris de petróleo por dia e é o único país da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a possuir capacidade ociosa de produção suficiente para fazer frente a eventuais interrupções na produção e na exportação da commodity em outros lugares do mundo.
"Eles (os sauditas) são os maiores produtores da Opep. Se houver instabilidade ali você poderá ver esse mercado ir a US$ 150 em um intervalo de tempo muito curto", advertiu Mark Waggoner, presidente da Excel Futures.
Ainda assim, as notícias de protestos na Arábia Saudita não foram suficientes para dissipar a crescente preocupação do mercado com a economia como um todo.
A China apresentou hoje um déficit de US$ 7,3 bilhões em sua balança comercial no mês de fevereiro, com as importações aumentando 19,4% por conta da elevação do preço dos alimentos e dos combustíveis. Ao mesmo tempo, a agência de classificação de risco de crédito Moody's rebaixou o rating da dívida do governo da Espanha, provocando acentuado declínio do euro e dos preços dos bônus da Europa.
Nos Estados Unidos, os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram 26.000 na semana passada - acima da previsão dos analistas -, chegando a 397.000.
Na Líbia, enquanto isso, prosseguem os choques entre rebeldes e forças leais ao coronel Muamar Kadafi. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os recentes ataques das forças de Kadafi à região petrolífera do país parecem ter danificado a infraestrutura petrolífera e significam "uma preocupante escalada do ponto de vista do setor do petróleo".
Ontem, o executivo-chefe da Corporação Nacional de Petróleo da Líbia, Shukri Ghanem, informou que a violência das últimas semanas no país norte-africano reduziu a produção de petróleo de 1,6 milhão para 500.000 barris por dia. As informações são da Dow Jones.