O preço do barril de petróleo disparou, apesar da Opep prometer garantir oferta (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 17h03.
Londres - O petróleo atingiu nesta quarta-feira novos picos desde setembro de 2008, superando os 110 dólares em Londres e se aproximando dos 100 dólares em Nova York, impulsionado por temores envolvendo o fornecimento, alimentados pela incessante violência na Líbia.
Às 17h00 GMT (14h00 de Brasília), o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril era cotado a 111,29 dólares no InterContinental Exchange (ICE) de Londres, um preço que não atingia desde o fim de agosto de 2008, em alta de 5,51 dólares em relação ao fechamento de terça-feira.
Às 18h00 GMT (15h00 de Brasília), no New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de West Texas Intermediate (WTI, denominação do "light sweet crude" negociado nos EUA) para entrega em abril alcançava os 100 dólares, o mais alto patamar desde outubro de 2008.
A sangrenta repressão às revoltas na Líbia e a incerteza que isso provocou no mercado petroleiro, já por si só agitado, dispararam nos últimos dias os preços do cru, apesar das promessas da Arábia Saudita, maior exportador mundial, de que não haverá escassez de petróleo.
O líder líbio Muammar Kadafi estava nesta quarta-feira envolvido em uma rebelião que tomou o controle do leste do país, e em meio à pressão internacional para que não desencadeie um novo banho de sangue para salvar o regime liderado por ele há 42 anos.
O petróleo ultrapassou a barreira dos 110 dólares logo depois de um jornal líbio informar na Internet que um avião caça da força aérea líbia caiu quando seus dois tripulantes saltaram do aparelho em paraquedas para não ter de bombardear Benghazi, segunda maior cidade líbia e reduto da revolta.
"O mercado do petróleo reagiu imediatamente às notícias que provocaram mais preocupação e frustração sobre os distúrbios" no mundo árabe, disse à AFP Myrto Sokou, analista da consultoria Sucden.
A violência, que segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) já deixou 640 mortos, obrigou as petroleiras estrangeiras como ENI, Repsol, Total e BP a retirar seu pessoal estrangeiro, fazendo com que a produção de hidrocarbonetos líbios começasse a cair.
Além disso, os portos e terminais do país estão virtualmente paralisados, o que significa o bloqueio de todas as exportações de hidrocarbonetos da Líbia, membro da Opep e quarto maior produtor africano.
O grupo de transporte marítimo francês CMA-CGM anunciou que as escalas de seus navios nos "portos líbios de Benghazi, Misurata, Joms e Trípoli estão temporariamente suspensas", mas disse desconhecer se os portos estão ou não fechados.
O mercado de petróleo teme também que a onda de revoltas populares amplie-se contra regimes autoritários de países petroleiros de África e Oriente Médio, que até agora provocaram a queda do egípcio Hosni Mubarak e do tunisiano Zine al Abidine Ben Ali.