Recuperação: a sinalização de que o pior momento da crise já passou fez com que as preferenciais subissem 14,13%, e as ordinárias, 12,38% (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2018 às 08h53.
Última atualização em 30 de maio de 2018 às 09h25.
Rio de Janeiro e São Paulo - Após nove dias consecutivos de desvalorização das ações, a Petrobras conseguiu na terça-feira, 29, recuperar R$ 31 bilhões do seu valor de mercado. A sinalização de que o pior momento da crise já passou fez com que as preferenciais subissem 14,13%, e as ordinárias, 12,38%. O mercado se sentiu ainda mais confiante depois que o presidente da empresa, Pedro Parente, convocou teleconferência com analistas para dissipar dúvidas sobre possível intervenção do governo na companhia e um eventual pedido de demissão.
"A Petrobras não é uma ilha dentro do Brasil. Muitas outras empresas passaram por esse problema. Sem deixar de reconhecer que a credibilidade da empresa hoje é menor do que há duas semanas, não posso deixar de registrar que deriva de uma crise de proporções importantes", disse o executivo.
A alta das ações da petroleira ajudou o Ibovespa a fechar com valorização de 0,95%. Já o dólar cedeu, fechando o dia cotado a R$ 3,7303, em queda de 0,08%.
Ao mercado, Parente reforçou que as premissas econômicas da atual política de definição do preço do óleo diesel serão mantidas, mesmo que nova metodologia seja definida junto com o governo. Ainda afirmou que a empresa foi "erroneamente identificada como origem do problema", como responsável pela alta dos valores dos combustíveis e pela greve dos caminhoneiros. A mensagem aos investidores é que nada vai mudar na empresa. "A política da Petrobras entrou numa discussão pública bastante intensa, muito personificada na pessoa do presidente da empresa, no caso eu", disse Parente. Complementou ainda que continuará a implementar o plano estratégico, com foco na redução da dívida e venda de ativos.
"A teleconferência teve boas notícias, com o reforço de que a Petrobras não tem o poder de influenciar as variações de preços (do petróleo e do câmbio). Ele também reforçou que o governo reconhece e respeita bem isso e que todo o planejamento estratégico da companhia vai ser mantido", disse Marco Saravalle, analista da XP Investimentos.
Saravalle também avaliou como positiva a percepção de que Parente ainda "tem um trabalho longo à frente da Petrobras". Mas disse que o mercado ainda não está completamente seguro com o texto da Medida Provisória que vai oficializar os pontos acordados entre o governo e a Petrobras.
Na terça-feira, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, se reuniu com representantes dos ministérios da Fazenda, Planejamento e Minas e Energia para negociar uma nova metodologia de cálculo do preço do diesel, que vai constar na MP e decreto de regulamentação das propostas anunciadas pelo presidente da República, Michel Temer. Por enquanto, as únicas certezas são que o Tesouro vai subvencionar R$ 0,30 do valor pago pelo consumidor pelo litro do combustível na bomba e que, ao fim de julho, os preços voltarão a ser reajustados, só que a cada mês e não diariamente.
Imposto
Além disso, toda vez que os preços da Petrobras estiverem acima da cotação internacional, o governo vai usar o imposto de importação para conter a concorrência de importadores que poderiam tomar participação de mercado da estatal. E a petroleira ainda conta com a garantia de que vai receber do Tesouro a subvenção de R$ 0,30 por litro no período de um mês. Também é estudada pela estatal e equipe econômica a utilização de uma fórmula de revisão dos preços que poderá dar mais previsibilidade ao mercado de como os valores vão flutuar a cada mês.