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Petrobras pode elevar dividendos ainda neste ano, mas vale o risco?

O acordo com as chinesas e a venda de ações na BR Distribuidora podem acelerar o processo de desalavancagem da companhia, mas, para o BTG Pactual, o risco/recompensa ainda segue binário para a estatal

Petrobras | Foto: Sergio Moraes/Reuters (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras | Foto: Sergio Moraes/Reuters (Sergio Moraes/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 14 de junho de 2021 às 17h30.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 22h39.

Na última sexta-feira, a Petrobras (PETR3; PETR4) fez dois anúncios que podem colocar a empresa mais perto de pagar elevados dividendos ainda neste ano, apontam analistas do mercado. 

A companhia anunciou que receberá de suas sócias chinesas CNOOC e CNODC no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, 2,94 bilhões de dólares referentes à compensação total dos investimentos feitos pela estatal brasileira no ativo. 

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Além disso, informou que deu início ao processo de venda de suas ações remanescentes na BR Distribuidora (BRDT3), representativas de 37,5% do capital social da companhia. A fatia corresponde a 11,7 bilhões de reais, com base na cotação da última sexta-feira. 

Os anúncios vão acelerar a desalavancagem da companhia e podem, consequentemente, destravar sua nova política de dividendos, que prevê que a estatal remunere seus acionistas no valor equivalente a 60% do fluxo de caixa operacional descontados os investimentos, caso seu endividamento esteja abaixo de 60 bilhões de dólares.

Na visão dos analistas Thiago Duarte e Pedro Soares, do BTG Pactual, os anúncios da semana passada, juntamente com a sua forte geração de fluxo de caixa, podem colocar a Petrobras mais perto de sua meta de dívida bruta de 60 bilhões de dólares, "o que sugere que a empresa poderia liberar pagamentos de dividendos mais fortes já nos próximos seis a doze meses”.   

Adicionalmente, Duarte e Soares apontam que o simples fato de que o processo da venda da BR Distribuidora está avançando é uma boa indicação de que nenhuma mudança abrupta na estratégia de alocação de capital da Petrobras está em andamento. 

Em relatório desta segunda-feira, os analistas elevaram o preço-alvo dos American Depositary Receipts (ADRs) da companhia para 14,00 dólares, o que representa um potencial de alta de 22%, mas mantiveram a recomendação neutra. 

Apesar de acreditarem que os papéis estão baratos, eles comentam que os investidores devem agora voltar a atenção para a venda de refinarias.

“Se a venda das principais refinarias não for concluída a tempo, o risco é que o barulho político durante o ano eleitoral que se aproxima seja um obstáculo aqui. Assim, permanecemos neutros, uma vez que continuamos a ver um risco/recompensa binário e esperamos que as ações continuem a ser negociadas em patamares de valuation descontados”. 

O Credit Suisse também destacou que o acordo entre a Petrobras e as chinesas ajuda a empresa a atingir sua meta de dívida bruta de 60 bilhões de dólares ainda este ano. "Provavelmente, no terceiro trimestre". E, com isso, ativar sua nova política de dividendos antes do fim de 2021. O caixa de curto prazo de 2,94 bilhões de dólares referente à compensação veio acima do estimado pelo banco de 2,5 bilhões de dólares. 

“Essa política de dividendos, em nossa opinião, pode se tornar um importante catalisador positivo para a tese de investimento da Petrobras”, comentam os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, do Credit. 

O banco suíço ressalta ainda que a venda dos papéis da distribuidora poderia representar 2,3 bilhões de caixa para a empresa potencialmente ainda em 2021.

Apesar da leitura positiva com os anúncios, o Credit Suisse também optou por manter recomendação neutra para as ações da petroleira. 

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