Radar: clima é de cautela à espera do payroll (Getty Images/Reprodução)
Repórter de finanças
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 08h55.
Última atualização em 6 de setembro de 2024 às 09h42.
Em dia de maior aversão a risco, os mercados internacionais operam majoritariamente em queda nesta sexta-feira, 6. Investidores avaliam os dados do payroll, que vieram abaixo do esperado. Nos Estados Unidos, os índices futuros caem. Na Europa, as bolsas também operam em queda de olho nos dados americanos. Já na Ásia, as bolsas fecharam mistas.
Todas as atenções hoje se voltam para a divulgação do payroll, relatório de empregos do setor privado não-agrícola.
Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, o dado indicou a criação de 142 mil vagas no mês de agosto, abaixo das estimativas dc 165 mil. O número do mês de julho também foi revisado de 114 mil para 89 mil.
O dado era aguardado com altas expectativas por investidores, após os relatórios Jolts e o ADP, que também medem o emprego nos EUA, terem vindo abaixo do esperado.
No relatório ADP, eram aguardadas 145 mil novas vagas em agosto, enquanto o número veio em 99 mil, quarto mês seguido de redução na criação de vagas no mercado privado.
Esse resultado se soma ao relatório Jolts, que revelou uma queda no número de vagas de trabalho em aberto nos EUA, de 7,9 milhões em junho para 7,7 milhões em julho, abaixo das expectativas de 8,09 milhões.
Os números mostram um enfraquecimento do mercado de trabalho e colaboram para aumentar o temor de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) teria demorado tempo demais para reduzir o aperto monetário, o que pode gerar uma possível recessão nos Estados Unidos.
Com isso, alguns agentes já aumentaram suas apostas que o órgão deve reduzir em 50 pontos-base os juros na próxima reunião, no dia 18 de setembro.
O mercado também acompanha os discursos em eventos dos dirigentes do Fed, John Williams e Christopher Waller, onde podem comentar os números de empregos e o impacto na política monetária.
Uma semana após os números mal recebidos da rival Nvidia, agora foi a vez da empresa de semicondutores, Broadcom, divulgar seus resultados do trimestre encerrado no dia 4 de agosto – o que também não agradou o mercado.
Entre os destaques positivos, o lucro por ação (LPA) veio em US$ 1,24, US$ 0,02 acima da estimativa dos analistas consultados do FactSet de US$ 1,22.
Já a receita apresentou alta de 47% na comparação anual, registrando US$ 13,07 bilhões no trimestre, acima da expectativa dos analistas ouvidos pela FactSet, de US$ 12,97 bilhões.
Apesar disso, o guidance para o próximo trimestre frustrou os investidores. A companhia reduziu a previsão de receita para cerca de US$ 14 bilhões no quarto trimestre fiscal, que termina em 3 de novembro, enquanto o consenso FactSet esperava US$ 14,11 bilhões.
A recepção negativa do balanço contamina os índices futuros de Nova York. No pré-mercado, às 6h35, as ações caíam 9,29%.
De olho nas commodities, o preço do minério de ferro opera próximo a cotação mais baixa desde 2022. Em Singapura, a commodity fechou em queda de 0,74% a US$ 90,35 a tonelada.
Já o contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,9%, a 671,5 iuanes (US$ 94,72 dólares) a tonelada.
Na semana, o contrato perdeu 11,24% esta semana, caminhando para sua maior queda semanal desde 28 de outubro de 2022. O motivo? As preocupações com a demanda fraca da China.
Com o petróleo, o mesmo movimento ocorre. Apesar de operar hoje em campo positivo, a commodity, tanto de referência WTI como Brent, caminham para fechar a semana com perdas de quase 5%.