Radar: mercado aguarda divulgação de payroll, principal índice do mercado de trabalho americano (Brendan Mcdermid/Reuters)
Repórter de finanças
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 07h56.
Os mercados internacionais operam majoritariamente em alta na manhã desta sexta-feira, 4. À espera dos dados do payroll, os índices futuros dos Estados Unidos sobem. Já na Europa, as bolsas ensaiam recuperação das perdas de ontem com a escalada das tensões no Oriente Médio. A exceção fica para a bolsa do Reino Unido, que cai após o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE), Huw Pill, defender que o BC britânico seja cauteloso na redução de juros.
Na Ásia, as bolsas da China seguem fechadas devido ao feriado. O índice Hang Seng, de Hong Kong, voltou a fechar com alta de quase 3% após uma queda na sessão anterior. No Japão, o principal índice também encerrou as negociações com valorização, apesar de modesta, de olho na declaração do novo primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, que instruiu seu gabinete a elaborar um pacote econômico.
Todas as atenções do mercado se voltam hoje para a divulgação, às 9h30, do payroll de setembro. O dado é o mais importante para medir a temperatura do mercado de trabalho nos Estados Unidos e pode recalibrar as apostas para a próxima decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
Ao longo da semana, foram divulgados o relatório Jolts e o relatório ADP. O primeiro apontou para uma abertura de 8,04 milhões de vagas de trabalho nos setores não-agrícolas em agosto. O número veio melhor do que o esperado pelo mercado, que projetava a abertura de 7,67 milhões pelo consenso LSEG. Em julho, os novos postos de trabalho somaram 7,711 milhões (valor revisado para cima de 7,673 milhões).
Já o ADP mostrou a criação de 143 mil vagas de empregos no setor privado nos Estados Unidos em setembro. O esperado pelo mercado era de 125 mil vagas. Sendo assim, além de mostrar uma aceleração ante agosto, quando foram criados 103 mil novos postos (dado revisado), o número também veio acima do previsto.
Com um mercado de trabalho mais aquecido, as apostas para um corte maior, de 0,50 pontos-percentuais (p.p.) recuaram significativamente, segundo a plataforma FedWatch, do CME Group. Há uma semana, 56,2% do mercado apostavam em um nessa magnitude. Hoje, esse número caiu para 28,5%.
As projeções da Reuters esperam que o payroll aponte um acréscimo de 140.000 empregos, com uma taxa de desemprego estável em 4,2%.
Em dia de agenda mais fraca para indicadores nacionais, o destaque fica com a balança comercial setembro, que deverá ser divulgada às 15h. A projeção aponta para um superávit de US$ 4,7 bilhões.
O mercado também acompanha de perto o conflito no Oriente Médio. Nesta quinta-feira, 3, os preços do petróleo dispararam após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmar que está discutindo com Israel a possibilidade de ataques contra instalações petrolíferas do Irã. Essa possível ação seria uma resposta ao lançamento de 180 mísseis iranianos em território israelense, ocorrido na terça-feira, 1º.
Ao ser questionado por um jornalista na Casa Branca sobre o apoio a um ataque israelense contra as infraestruturas de petróleo do Irã, Biden afirmou que as conversas estão em andamento. No entanto, ele deixou claro que não endossaria ataques a instalações nucleares iranianas.
O Oriente Médio tem enfrentado uma crescente escalada de tensões, iniciada após Israel realizar uma ofensiva terrestre no Líbano, que resultou na retaliação iraniana. Durante uma reunião na ONU, o embaixador de Israel, Danny Dannon, prometeu uma resposta "dolorosa" ao ataque de mísseis promovido pelo Irã.
Com a incerteza no ar, o mercado está atento às possíveis repercussões do contra-ataque israelense e seu impacto nos preços do petróleo. Só ontem, a commodity subiu 5%. Hoje, por volta das 7h30, tanto a referência Brent como a WTI já avançam mais de 1,4%.