Warren Buffett: descrença nas criptomoedas (Kevin Lamarque/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 28 de abril de 2018 às 13h40.
São Paulo -- Considerado um dos maiores investidores do mundo, o norte-americano Warren Buffet mostrou, mais uma vez, que torce o nariz para as criptomoedas.
Em entrevista ao Yahoo Finance, o magnata disse que a bitcoin, assim como outras moedas digitais, não deve ser encarada como um investimento.
"Se você comprar algo como uma fazenda, um prédio ou uma participação em um negócio estará investindo. Você olha para o investimento em si e para o seu retorno", disse Buffett. "Agora, se você comprar algo como bitcoin ou outra criptomoeda, você realmente não terá nada que produza algo para você. Você estará apenas esperando que o próximo pague mais."
Quando um investidor decide colocar seus recursos nas moedas, continuou Buffet, ele está especulando. "Não há nada de errado com isso. Se você quer apostar, alguém virá amanhã e pagará mais dinheiro. Mas isso é um tipo de jogo, isso não é investir".
Em janeiro deste ano, Buffett disse, em entrevista à CNBC, que as criptomoedas irão acabar mal e explicou porque não investe nelas. “Eu entro em problemas suficientes com coisas que eu acho que tenho conhecimento. Por que eu deveria tomar uma posição curta ou longa em algo que eu não sei nada?"
A bitcoin é uma moeda, assim como o real ou o dólar, mas bem diferente dos exemplos citados. O primeiro motivo é que não é possível mexer no bolso da calça e encontrar uma delas esquecida. Ela não existe fisicamente, é totalmente virtual.
O outro motivo é que sua emissão não é controlada por um Banco Central. Ela é produzida de forma descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pessoas que “emprestam” a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins e registrar todas as transações feitas.
No processo de nascimento de uma bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competem entre si na resolução de problemas matemáticos. Quem ganha, recebe um bloco da moeda.
O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades até o ano de 2140.
Esse limite foi estabelecido pelo criador da moeda, um desenvolvedor misterioso chamado Satoshi Nakamoto. De tempos em tempos, o valor da recompensa dos “mineiros” também é reduzido.
Quando a moeda foi criada, em 2009, qualquer pessoa com o software poderia “minerar”, desde que estivesse disposta a deixar o computador ligado por dias e noites. Com o aumento do número de interessados, a tarefa de fabricar bitcoins ficou apenas com quem tinha super máquinas. A disputa aumentou tanto que surgiram até computadores com hardware dedicado à tarefa, como o Avalon ASIC.
Além da mineração, é possível possuir bitcoins comprando unidades em casas de câmbio específicas ou aceitando a criptmoeda ao vender coisas. As moedas virtuais são guardadas em uma espécie de carteira, criada quando o usuário se cadastra no software.
Depois do cadastro, a pessoa recebe um código com letras e números, chamado de “endereço”, utilizado nas transações. Quando ela quiser comprar um jogo, por exemplo, deve fornecer ao vendedor o tal endereço. As identidades do comprador e do vendedor são mantidas no anonimato, mas a transação fica registrada no sistema de forma pública. A compra não pode ser desfeita.
Com bitcoins, é possível contratar serviços ou adquirir coisas no mundo todo. O número de empresas que a aceitam ainda é pequeno, mas vários países, como a Rússia se movimentam no sentido de “regular” a moeda. Em abril deste ano, o Japão começou a aceitar bitcoins como meio legal de pagamento. O esperado é que até 300 mil estabelecimentos no Japão aceitem, até o final do ano, este tipo de dinheiro.
Por outro lado, países como a China tentam fechar o cerco das criptomoedas, ordenando o fechamento de várias plataformas de câmbio e proibindo a prática conhecida como ICO (initial coin offerings), uma espécie de abertura de capital na bolsa, mas feita com criptomoedas (entenda melhor).
O valor da bitcoin segue as regras de mercado, ou seja, quanto maior a demanda, maior a cotação.