Dólar: alta no acumulado de 2021 tem confundido investidores e analistas mundo afora (Antara Foto/Hafidz Mubarak/Reuters)
Projeções de que o dólar entraria em um período prolongado de fraqueza dominaram relatórios de bancos e corretoras na passagem de 2020 e 2021, com base em fatores como a redução da aversão ao risco. Mas não é o que tem se visto até aqui neste ano.
O Índice DXY, que mede a relação entre o dólar e uma cesta de moedas estrangeiras, teve apreciação e recuperou um terço da queda de 7,5% em 2020. Diante das novas circunstâncias, a EXAME Gavekal Research preparou um relatório sobre a trajetória do dólar no curto e no longo prazos para tentar antecipar os novos rumos da moeda.
O economista especializado em economia dos EUA Will Denyer e o analista sênior Tan Kai Xin destacam que, olhando mais adiante, ainda há razões para que haja um viés negativo no dólar americano.
"As políticas fiscais e regulatórias dos EUA provavelmente serão negativas para o dólar. Até agora, a administração de Joe Biden tem se concentrado em ampliação de gastos, mas os aumentos do salário mínimo e dos impostos corporativos continuam em sua agenda", afirmam os especialistas da Gavekal Research em relatório.
A alta do dólar no acumulado de 2021 tem confundido os investidores que acreditaram em análises mais pessimistas em relação pelo menos ao curto prazo. Para os especialistas da Gavekal Research, em outras economias, mais especificamente na zona do euro, as perspectivas de curto prazo permanecem relativamente sombrias.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, anunciou recentemente que o governo deverá aumentar os impostos sobre as empresas e os mais ricos. Isso, segundo os economistas da Gavekal, provavelmente tornará o país um lugar menos atraente para O capital. "Para compensar, o dólar americano terá que se desvalorizar", aponta o relatório.
Por outro lado, rendimentos de títulos dos EUA mais elevados e uma perspectiva de crescimento nominal mais forte no país podem atrair fluxos para o mercado de títulos dos EUA e apoiar o dólar no curto prazo.
Caso haja uma recuperação de mercados fora dos EUA, haverá uma tendência negativa do dólar em relação às principais moedas dos mercados desenvolvidos, e a economia americana verá o fluxo de capital no sentido contrário, segundo os especialistas da EXAME Gavekal.