André Esteves, presidente do BTG Pactual: neste ano, rendimento dos títulos da dívida do Panamericano está acima da performance dos bancos (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 09h01.
Nova York/São Paulo - O Banco Panamericano SA, que precisou ser socorrido duas vezes desde novembro, registra a maior valorização do ano no mercado brasileiro de dívida corporativa após a compra da instituição pelo bilionário André Esteves.
O rendimento dos títulos em dólar do Panamericano com vencimento em 2020 desabou 128 pontos-base, ou 1,28 ponto percentual, este ano para 7,46 por cento. Os papéis se recuperam após a taxa ter disparado 300 pontos-base em novembro, quando o banco recebeu um empréstimo emergencial de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos. O rendimento em títulos de bancos do País subiu 50 pontos-base este ano, enquanto mundialmente as taxas dos papéis de bancos recuaram 27, segundo o Bank of America Corp.
Os detentores dos papéis estão mais confiantes na capacidade do Panamericano de honrar suas dívidas depois que o Banco BTG Pactual SA, fundado por Esteves, assumiu R$ 3,8 bilhões em obrigações do Panamericano para cobrir perdas em meio a uma investigação criminal sobre irregularidades contábeis. O sucesso de Esteves em transformar o BTG Pactual numa instituição que em dezembro foi avaliada em US$ 10 bilhões gera expectativa de que o bilionário vai sanar as operações do Panamericano, disse Eric Ollom, analista de bônus corporativos de mercados emergentes da Jefferies & Co.
“O histórico do Pactual e de Esteves é muito forte”, disse Ollom em entrevista por telefone. “A compra foi um fator claramente positivo para o Panamericano”.
‘Mudou Completamente’
Esteves, 42 anos, vendeu o Banco Pactual SA para o UBS AG em 2006 por US$ 2,6 bilhões. Ele comprou a instituição de volta por US$ 2,5 bilhões em 2009 e fez a fusão do Pactual com um banco que ele fundou em 2008, resultando no BTG Pactual. Esteves levantou US$ 1,8 bilhão para financiar planos de expansão com a venda de uma participação minoritária no BTG Pactual em dezembro para um grupo de investidores que inclui as famílias Rothschild e Agnelli.
O BTG Pactual fechou um acordo para comprar o controle do Panamericano em 31 de janeiro, após o banco sediado em São Paulo ter precisado de um segundo resgate quando auditores descobriram que o sistema de informática registrava automaticamente receita de empréstimos que já haviam sido vendidos. O FGC então liberou um empréstimo adicional de R$ 1,3 bilhão.
Investidores estão apostando que o BTG Pactual garantiria os títulos de dívida do Panamericano se houver um calote, disse Leonardo Kestelman, que ajuda a supervisionar US$ 880 milhões em bônus, incluindo dívida do Panamericano, na Dinosaur Securities em São Paulo.
“A aquisição pelo BTG mudou completamente a classificação do banco para o mercado”, disse Kestelman em entrevista por telefone. “Agora é um bom crédito”.
O BTG Pactual é dono de 37,6 por cento do capital total do Panamericano, enquanto a Caixa Econômica Federal detém 36,6 por cento.
A assessoria de imprensa do Panamericano em São Paulo não quis fazer comentários para esta reportagem. A assessoria da Caixa em Brasília não respondeu a solicitações de comentário. A assessoria do BTG Pactual em São Paulo se recusou a comentar.