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Brasil recua de fórmula de sucesso e investidores se protegem

A situação financeira provoca perda de credibilidade em três políticas chaves que colocaram fim a décadas de crises

Investidores no País se voltaram para ativos protegidos da inflação após BC reduzir o juro (Getty Images)

Investidores no País se voltaram para ativos protegidos da inflação após BC reduzir o juro (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 12h03.

Brasília - Autoridades brasileiras estão recuando de uma fórmula de quinze anos de sucesso, com a situação financeira provocando perda de credibilidade em três políticas chaves que colocaram fim a décadas de crises. A avaliação é de pessoas que já trabalharam no Banco Central e também analistas.

O tripé de meta de inflação, baixo déficit orçamentário e câmbio flutuante sustentou o mais longo período de crescimento na maior economia da América Latina desde os anos 70, que ajudou a tirar milhões de pessoas da pobreza e levou o Brasil a receber nota de grau de investimento pela primeira vez na história.

Enquanto o governo da presidente Dilma Rousseff diz que ainda segue tal modelo, suas ações contradizem as políticas do tripé, disse Edmar Bacha, que arquitetou o Plano Real de 1994 que pôs fim à hiperinflação.

O BC, que pode reduzir o juro básico do País novamente hoje, está afrouxando a política monetária em um momento em que a inflação chega ao nível mais alto em seis anos.

Os gastos colocam em risco as metas orçamentárias, enquanto esforços para conter a apreciação do real estão protegendo indústrias não competitivas, disse ele.


“Não é uma ruptura, como na Argentina ou Venezuela”, disse Bacha, que também é membro do Partido da Social Democracia Brasileira, em referência a países com políticas que barram investidores e cuja inflação ronda os 20 por cento. “É mais uma curvatura do que um rompimento neste momento.”

Busca de proteção

Investidores no País se voltaram para ativos protegidos da inflação após o presidente do BC, Alexandre Tombini, em 31 de agosto reduzir a taxa Selic para 12 por cento. A decisão surpreendeu todos os 62 analistas consultados pela Bloomberg, que esperavam a taxa inalterada em 12,50 por cento diante da inflação acima do teto da meta de 6,5 por cento.

A taxa implícita de inflação, refletida na diferença do rendimento entre títulos pré-fixados e aqueles atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo, subiram de 5,86 pontos em 31 de agosto para 6,22 por cento. No México e Chile, a taxa recuou no mesmo período.

Rousseff apoiou a decisão de corte na Selic, dizendo a um grupo de líderes empresariais no último mês que o Brasil não pode perder a oportunidade de reduzir a taxa básica de juro, a maior entre o Grupo dos 20, diante da crise da dívida na Europa e desaceleração da economia global.

Na reunião do Comitê de Política Monetária hoje, a Selic deve ser reduzida em meio ponto percentual para 11,50 por cento, segundo a estimativa mediana de 66 analistas consultados pela Bloomberg.

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