"Desde que o acordo climático foi anunciado, os investidores correram para esse grupo de fundos", (Antara Foto/Hafidz Mubarak/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 09h31.
O Inflation Reduction Act, pacote contra a subida dos preços nos Estados Unidos e que garante investimento histórico na agenda climática, já transformado em lei, começa a atrair recursos para o setor de energia limpa.
Enquanto no mercado financeiro fundos de investimento dedicados ao segmento e que somavam resgates antes de o projeto ser aprovado mudaram de direção, no front corporativo há a expectativa de novas empresas e centenas de milhares de contratações na esteira dos US$ 369 bilhões que serão dedicados à segurança energética e combate às mudanças climáticas na maior economia do mundo.
Por outro lado, setores como os de cuidado à saúde, tecnologia da informação e petróleo e gás tendem a ser impactados negativamente pelo aumento de impostos.
Os investidores já começam a olhar com mais atenção para a agenda verde após o projeto virar lei. Nas duas semanas anteriores ao anúncio do pacote, no dia 27 de julho, os fundos de energia limpa nos EUA estimaram saídas líquidas de US$ 223 milhões, de acordo com a casa de análise norte-americana Morningstar.
Do dia seguinte a 10 de agosto, porém, o fluxo se inverteu, e os 23 fundos de energia limpa no país atraíram entradas líquidas estimadas em US$ 433,6 milhões. "Desde que o acordo climático foi anunciado, os investidores correram para esse grupo de fundos", diz o diretor de investimentos sustentáveis da Morningstar, Jon Hale.
Uma maior atração de recursos também já foi notada no mercado de ações. O iShares Global Clean Energy ETF ICLN, que compreende investimentos globais em energia limpa, passou de uma saída estimada de US$ 17,6 milhões para uma entrada de US$ 22,3 milhões no período. Por sua vez, o iShares Global Energy ETF IXC portfólio de ações tradicionais de energia baseadas em combustíveis fósseis, fez o movimento contrário, revertendo entradas estimadas em US$ 9,6 milhões para uma saída de US$ 75,9 milhões.
"O anúncio também impulsionou o desempenho dos fundos de energia renovável", afirma Hale, da Morningstar. Nas duas semanas anteriores, os fundos de energia limpa já estavam em alta, acompanhando o desempenho do mercado de ações em julho, com um retorno médio de 5,4%. Desde o anúncio do pacote, entre 28 de julho e 10 de agosto, porém, a rentabilidade média avançou para 13,7%.
No front corporativo, o investimento bilionário em energia limpa deve impulsionar o número de empresas e de contratações no setor. Estimativas iniciais apontam para a possibilidade de criação de 300 a mil novas companhias voltadas ao segmento nos Estados Unidos.
"Após meses de negociação, o Inflation Reduction Act agora é lei e os EUA estão no caminho de se tornar o líder mundial inequívoco em energia limpa", diz a presidente da Associação das Indústrias de Energia Solar (SEIA, na sigla em inglês) do país, Abigail Ross Hopper.
De acordo com ela, a lei representa um impulso para investimentos de longo prazo em energia limpa e armazenamento de energia, e ainda a contratação de centenas de milhares de novos trabalhadores.
Para o sócio do escritório de advocacia norte-americano Hughes Hubbard & Reed LLP, Carlos Lobo, o pacote será um impulsionador para os negócios de energia renovável, com a atração de recursos para o segmento e ainda um motor de fusões e aquisições.
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