Ouro: a incerteza deverá entrar em trajetória cadente, o que pode representar uma queda de 25% em relação ao patamar atual (Edgar Su/Reuters)
Natália Flach
Publicado em 21 de julho de 2020 às 19h39.
Última atualização em 22 de julho de 2020 às 11h13.
Em tempos de incerteza econômica, o ouro é o refúgio dos investidores. Não à toa, pela famosa lei da oferta e da procura, a commodity acumula alta de 3,51% nos últimos 30 dias e de 16,85% em seis meses, segundo o site Gold Price. Nesta terça-feira, 21, não foi diferente.
O metal subiu 1,32% para 1.841,32 dólares a onça troy, maior patamar desde 2011. Mas não é apenas a crise que explica a valorização: nos últimos 20 anos, o ouro registra o espantoso avanço de 550%. Há espaço para mais no curto prazo?
"O enfraquecimento do dólar por causa da forte expansão monetária, o ainda elevado nível de incerteza no segundo trimestre e um baixo patamar de rendimento dos principais ativos concorrentes [títulos americanos] sugerem um espaço para o ativo", escrevem Arthur Mota e Renato Mimica, especialistas da EXAME Research, em relatório distribuído a clientes.
Para Mota e Mimica, o patamar de 2.000 dólares parece ser um limite técnico que é testado na saída de crises, como aconteceu em 2011. "A incerteza deverá entrar em trajetória cadente, o que pode representar uma queda de 25% em relação ao patamar atual. Para 2021, o índice de incerteza voltará para o nível de janeiro de 2020."
Portanto, no curto prazo há chances de o ouro continuar a escalada de preço, mas no longo prazo a commodity pode recuar, dependendo da velocidade com que se descubra uma vacina eficaz.
Para analistas do Citi, o ouro deve quebrar o recorde estabelecido em 2011 nos próximos seis a nove meses. Entre os motivos estão o afrouxamento da política monetária e os baixos rendimentos reais, escreveram em relatório. A estimativa — com 30% de probabilidade — é que o metal alcance 2.000 dólares a onça nos próximos três a cinco meses.