(Netflix/Reprodução)
Rita Azevedo
Publicado em 14 de janeiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 14 de janeiro de 2017 às 06h00.
São Paulo — Uma onda de otimismo atingiu os investidores da Netflix às vésperas da empresa divulgar seus resultados do último trimestre.
Depois de acumular ganhos de quase 30% nos últimos três meses, as ações da companhia receberam, só na última semana, recomendações de compra do JPMorgan, da William Blair e do Deutsche Bank.
Em comum em todas as avaliações, há a ideia de que 2017 será um ano crucial para a Netflix se tornar líder no mercado global de entretenimento.
“Acreditamos que a Netflix está no caminho certo para atrapalhar o mercado de produções para a TV tradicional, através de um forte crescimento no número de assinantes, da diferenciação de conteúdo e da apresentação de uma melhor proposta para o consumidor”, diz Doug Anmuth, do JPMorgan, em relatório.
Até 2020, a expectativa do analista é que a Netflix ganhe 60 milhões de novos assinantes nos Estados Unidos e 100 milhões no mercado global. No final de setembro, a companhia possuía 86,74 milhões de usuários. Os números serão atualizados na próxima quarta-feira (18), quando a empresa divulga seus resultados de 2016.
Há, no entanto, quem questione toda essa animação do mercado com o serviço de streaming de vídeo. Em entrevista ao site CNBC, o analista Neil Campling, da Northern Trust Capital Markets, diz que o otimismo dos investidores da Netflix deve entrar em colapso em breve.
Isso porque, segundo Campling, o grande volume de investimentos da empresa deve demorar um certo tempo para trazer retornos reais.
"Na minha opinião, a alta nos preços das ações da Netflix está exagerada no curto prazo. Os investimentos que a companhia está fazendo em novos projetos são tão altos que vai ser difícil para os retornos coincidirem com as saídas. Minha preocupação é isso se tornar um círculo vicioso", diz ele.
Michael Pachter, do Wedbush, é outro analista que não vê com bons olhos a estratégia atual da Netflix. Pachter questiona se a biblioteca do serviço justifica investimentos tão pesados e se o alto valor gasto pela companhia não atrapalharia os planos de aumentar a rentabilidade fora dos Estados Unidos.
Em novembro do ano passado, a Netflix lançou The Crown, a série mais cara já produzida pela empresa. Em apenas uma temporada, foram gastos mais de 130 milhões de dólares.
Para este ano, o plano é gastar ainda mais. Até o final de 2017, a Netflix espera investir 6 bilhões de dólares em conteúdo — 20% mais do que aplicou em 2016.