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OSX perde o encanto por causa dos riscos da operação

Investidores avaliam que a empresa é promissora, mas depende de uma combinação incerta de fatores para decolar

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2010 às 18h13.

São Paulo - Um dia após ter reduzido o preço e o volume das ações a serem lançadas em seu IPO, na próxima segunda-feira (22), a OSX, empresa de estaleiros, afretamentos e serviços petrolíferos do empresário Eike Batista, divulga hoje a fixação de preço por ação da companhia.

A fabricante de plataformas estima lançar 3,06 milhões de ações ordinárias, ao preço de 800 reais cada. Para compensar a redução no número de papéis lançados, a OSX definiu a possibilidade de um lote adicional de 1,07 milhão de ações, caso haja demanda, totalizando 4,13 milhões.

Se confirmados os planos, o número de ações cairá bastante em relação às 5,51 milhões previstas anteriormente, assim como o preço dos papéis, estimado, de início, numa faixa entre 1000 e 1333,33 reais. Com isso, a OSX diminuiu a expectativa do valor do IPO em no mínimo 51%, diferença entre os 6,42 bilhões de reais previstos antes da mudança para os 3,31 bilhões agora estimados, levando-se em conta inclusive os lotes adicionais.

Para os analistas do mercado financeiro, uma eventual redução não pode ser vista como um fracasso, já que a captação prevista ainda é alta. A OSX já possuía 8,15 milhões de ações, mas com a emissão de 3,06 milhões, passa a ter 11,21 milhões de ações. Diante do preço de 800 reais por papel, o valor de mercado da empresa passa a ser de 8,96 bilhões de reais.

No entanto, os especialistas acreditam que a mudança de preço e volume no IPO apenas refletiu a decisão dos investidores de não pagar mais um ágio tão elevado por uma empresa com patrimônio líquido muito pequeno e previsões de faturamento calcadas apenas em projetos.

"A percepção do mercado é que as condições atuais, tanto de volatilidade do setor quanto as específicas da empresa não são tão fáceis. Muita coisa ainda tem que dar certo e aparentemente o risco não está totalmente precificado", diz André Gordon, sócio e gestor de carteiras da GT Investimentos.

Para Gordon, a diferença entre investir na OSX ou em outras empresas do setor, como Lupatech e Petrobras, é que as duas últimas também estão expostas a riscos como queda no preço do barril e mudança na matriz energética mundial, mas já contam com encomendas concretas, capazes de garantir geração de caixa.

A OSX, por sua vez, defende no prospecto de oferta das ações ter como vantagem a demanda inicial de 48 unidades de produção, nos próximos dez anos, por parte da OGX, empresa de exploração de petróleo do grupo EBX, de Eike Batista. Os projetos teriam um custo de quase 30 bilhões de dólares e seriam apenas uma mostra de como a sinergia entre as empresas do bilionário podem impulsionar o estaleiro.

Essa interdependência entre as companhias, porém, é justamente um dos fatores de risco capazes de azedar os planos de Eike. A própria OGX, estrela do grupo, também se baseia em projetos grandiosos, mas sem sinais mais concretos de que podem sustenta uma concorrente à altura das gigantescas empresas do setor.

Outra preocupação é com possíveis conflitos de interesse entre as próprias empresas do grupo. Caso a OGX se veja implicitamente obrigada a comprar sempre da OSX, pode perder eficiência. Por outro lado, se a OGX deixar de comprar da OSX, pode inar a base do projeto da OSX e sinalizar a falta de confiança da empresa numa parceira do próprio grupo.

Ainda que as condições de mercado joguem a favor, a OGX de fato se mostre capaz de manter encomendas no longo prazo e a OSX opere de maneira eficiente a ponto de garantir a parceria com a outra empresa do grupo, o ágio pago na abertura de capital parece elevado para parte dos investidores, uma vez que a empresa começa a operar com patrimônio líquido próximo de zero.

Segundo o balanço da OSX, os ativos da companhia chegam a 668 milhões de reais, enquanto o passivo circulante fica em 640 milhões de reais. A maior parte da dívida corresponde a financiamentos junto a Bradesco e HSBC para pagar pelo navio OSX1, um dos principais bens da companhia.

O outro ativo importante é um conjunto de terrenos em Santa Catarina, onde a empresa planeja começar a construção de um estaleiro, no segundo semestre deste ano, com produção de embarcações no ano seguinte.

 * Com informações da Reuters

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