Segundo Eduardo Karrer, presidente executivo da MPX, Eike "foi" um acionista importante na MPX, ao criá-la e tocá-la nos últimos seis anos (EDUARDO MONTEIRO)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2013 às 16h08.
São Paulo – Em meio a uma crise de confiança com o mercado, Eike Batista passou por mais uma semana conturbada na bolsa brasileira. Enquanto os investidores devoravam e repercutiam o agitado noticiário sobre o bilionário desde a última segunda-feira, as ações de boa parte do conglomerado EBX eram massacradas na Bovespa.
Algumas delas, como a OGX (OGXP3), por exemplo, sofrem fortes impactos com qualquer oscilação de preço durante o pregão, devido ao seu baixo valor unitário.
Nesta semana, os papéis da petrolífera chegaram a amargar uma desvalorização próxima dos 40%.
Enquanto o Ibovespa reflete a desconfiança do mercado com seus 27% de desvalorização em 2013, os ativos da OGX na bolsa são o maior exemplo da aversão ao risco do investidor atualmente, com queda de quase 90%.
A alguns centavos do fundo do poço
Dentre os fatores que caíram como uma bomba para Eike recentemente, impactando ainda mais a performance das ações de sua empresa de petróleo, está a notícia de que a OGX entrou na lista das dez companhias globais com maior risco de dar calote, segundo um relatório divulgado pela consultoria americana Kamakura Corporation.
Os investidores estrangeiros já se posicionam para uma eventual reestruturação da dívida da OGX, que tem cerca de US$ 3,6 bilhões em títulos, com vencimento em 2018 e 2022.
Nesta semana a dívida da companhia com vencimento em 2022, de US$ 1,06 bilhão, despencou US$ 0,105 para preço mais baixo entre mais de 1.900 títulos de empresas de mercados emergentes denominados em dólar, depois que a companhia do bilionário Eike Batista anunciou em 1 de julho que está analisando deter a produção no seu único poço petrolífero ativo.
Analistas acreditam que a empresa não estará apta a cumprir todos os seus compromissos, mesmo se colocar à venda alguns de seus ativos ou exercer a opção de put, ou seja, houver uma injeção de capital de US$ 1 bilhão por Eike Batista, controlador da companhia.
Normalmente esses fundos começam a comprar papéis para serem maioria em uma situação de reestruturação, que pode envolver processos judiciais, explicou a operadora sênior de dívida do Credit Agricole Securities, Juliana Moreira. Pelas cláusulas dos bônus, para ser maioria é preciso ter uma posição de 25% dos papéis.
Além disso, seis corretoras estrangeiras reduziram o preço-alvo para os papéis da petroleira. A projeção mais otimista é do banco Goldman Sachs que vê o preço-alvo da ação em 70 centavos de real.
Na outra ponta, o banco alemão Deutsche Bank, ao lado do americano Bank Of America Merrill Lynch, é o mais pessimista, com um preço-alvo de 10 centavos de real para os papéis.
O destino incerto da OSX
Com queda de 90% desde janeiro, as ações ordinárias da OSX (OSXB3) também estiveram bastante presentes no radar dos investidores nesta semana.
Dentre os últimos rumores que rondam o império de Eike está o de que o bilionário estaria sendo aconselhado a desativar seu estaleiro da OSX e a vender as plataformas de produção para levantar recursos, segundo informações obtidas pela agência Bloomberg.
Desde a última segunda-feira, as ações ordinárias do estaleiro registram uma desvalorização de 30%.
O fôlego que vem da MPX
Certamente um dos maiores sinais do abalo do império de Eike Batista é sua saída da presidência do conselho de administração da MPX Energia (MPXE3) anunciada nesta semana. Segundo Eduardo Karrer, presidente executivo da MPX, Eike "foi" um acionista importante na MPX, ao criá-la e tocá-la nos últimos seis anos.
A leitura imediata da notícia pelo mercado foi positiva, com a disparada dos papéis. As ações ordinárias da MPX começaram a refletir o otimismo de investidores depois que um horizonte de mudança estratégica começou a ser desenhado e mesmo assim ainda não se livram de uma semana de tendência negativa, com queda próxima de 3% no período.
A gigante alemã da indústria de energia elétrica E.ON, que fechou um acordo para assumir o controle da MPX, agora, quer distância do empresário. A palavra de ordem na empresa é mostrar ao mercado que a MPX é saudável e independente dos problemas enfrentados pelo seu fundador.