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IPOs em 2021: CSN Mineração, Havan e Kalunga no radar do investidor

Recorde no Ibovespa sinaliza mercado favorável para ofertas iniciais, que podem chegar a 100 neste ano, superando as marcas de 2020 e de 2007; conheça as mais aguardadas

Fachada de loja da Havan, com a réplica da estátua da Liberdade: Luciano Hang, dono da rede varejista catarinense, formalizou em 2020 o pedido de abertura de capital (Germano Lüders/Exame)

Fachada de loja da Havan, com a réplica da estátua da Liberdade: Luciano Hang, dono da rede varejista catarinense, formalizou em 2020 o pedido de abertura de capital (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 06h05.

Última atualização em 4 de março de 2021 às 14h44.

Com o mercado já projetando a recuperação econômica global, as perspectivas para as aberturas de capital na bolsa neste ano são tão ou mais promissoras do que eram antes da pandemia. O Ibovespa quebrou seu recorde de pontos na primeira semana do ano, sinalizando que investidores continuam em busca de novas oportunidades de valorização. O número de 28 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) em 2020 foi o maior em 13 anos e, para os próximos meses, 44 empresas já aguardam registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para estrear na bolsa. 

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"A expectativa é que tenhamos em torno de 100 ofertas até o final deste ano caso a situação macroeconômica permaneça favorável. Para isso, o mercado depende de três fatores: sucesso do plano de vacinação mundial, bom cenário nas principais economias internacionais e controle no cenário político brasileiro", projeta Henrique Filizzola, advogado especialista em mercado de capitais do Stocche Forbes.

Se a previsão se concretizar, 2021 vai desbancar com folga o histórico 2007 como ano recorde para ofertas iniciais de ações no Brasil -- foram 64 IPOs naquele ano.

Entre os principais destaques de IPOs para este ano está o braço de mineração da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). A empresa é a segunda maior exportadora de minério de ferro do Brasil, atrás apenas da Vale, com produção de aproximadamente 35 milhões de toneladas por ano. Estima-se que a empresa buscará até 10 bilhões de reais.

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Os planos de abrir capital são antigos e estão sendo postergados desde que a empresa pediu o registro na CVM, em outubro, no que poderia ter sido o maior IPO de 2020. Este ano, porém, pode representar o momento propício para a empreitada. “O minério de ferro está com preço muito elevado e o IPO da CSN Mineração tende a atrair os investidores”, avalia Victor Aguiar, especialista em ações da EXAME Research.

Outra empresa que pode se beneficiar da conjuntura para seu setor é a Iguá Saneamento, que está em sua terceira tentativa de abrir capital na bolsa. “No caso da Iguá, existem boas perspectivas para o setor de saneamento com o novo marco setorial, que vai abrir as possibilidades de atuação para empresas privadas”, afirma Aguiar.

A lista inclui ainda o IPO da varejista Havan, que foi suspenso em 2020 sob o conselho dos bancos coordenadores da oferta em um momento em que o mercado estava instável e a faixa de preço foi considerada elevada. À época, estimava-se que a empresa pretendia captar 10 bilhões de reais com a abertura de capital e, assim, chegar aos 100 bilhões de reais em valor de mercado. 

Ainda no campo do varejo, a temporada de IPOs de 2021 deve abrigar três ofertas de varejistas especializadas na venda de móveis e artigos de decoração. A controladora da Tok&Stok, rede líder no varejo físico, vai tentar fazer sua oferta neste ano, assim como suas concorrentes com operações nativas voltadas para o e-commerce Mobly e Westwing.

A Kalunga, varejista líder no segmento de escritórios e materiais escolares, fecha os nomes de peso da lista. A empresa foi uma das últimas a pedir registro para IPO em 2020 -- dez pedidos foram protocolados na CVM no último mês do ano. 

Existem ainda companhias que estão fora da fila -- por enquanto --, mas ainda possuem intenção de abrir capital em 2021. O caso mais emblemático é o Caixa Seguridade, que já teve seu IPO suspenso duas vezes. Porém, em entrevista concedida no início de novembro, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse avaliar que pode haver uma nova janela de oportunidade para a realização da oferta no começo deste ano.

Para a B3, bolsa brasileira, a expectativa é a de que o mercado de capitais se torne fonte de captação de recursos também para empresas médias. “Até 2018 havia um problema de demanda. Era difícil para qualquer empresa captar com um juro real tão alto, ainda mais para as médias. Mas hoje o mercado já é adequado para diversos tamanhos de companhias, e estamos trabalhando para que a abertura de capital seja cada vez mais simples e acessível”,  disse o presidente Gilson Finkelsztain, presidente da B3, em dezembro. 

É possível ainda que mais companhias optem por fazer suas aberturas de capital de forma restrita. Esse modelo também é conhecido como oferta 476 em referêrência ao número da instrução da CVM que rege o tipo de oferta. Nesse formato, as empresas podem oferecer suas ações apenas para investidores profissionais, com mais de 10 milhões de reais em investimentos. A vantagem é a simplificação da estrutura da oferta, que tem uma lista de obrigações bem menor do que a oferta de ações padrão, também chamada de oferta 400. 

O ano de 2020 foi o primeiro em que a bolsa brasileira recebeu IPOs com oferta restrita até então, só follow-ons (as ofertas subsequentes, de empresas já com capital aberto) haviam utilizado o recurso. O primeiro foi o da mineradora Aura Minerals (AURA33), em julho, e o último, o da urbanizadora Alphaville (AVLL3), em dezembro.

“É um caminho que está no radar das empresas que já estavam se preparando para um IPO e não conseguiram concluir a oferta em 2020”, afirma Gustavo Rugani, sócio do Machado Meyer especialista em mercado de capitais

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