Bandeiras da União Europeia em frente a prédio do bloco em Bruxelas, na Bélgica| Foto: Yves Herman/Reuters (Yves Herman/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 14h39.
Última atualização em 6 de janeiro de 2022 às 15h12.
As bolsas europeias são um bom abrigo para se proteger da onda de desvalorização das ações globais desencadeada pela perspectiva de alta mais forte dos juros nos Estados Unidos. A recomendação é de estrategistas do Goldman Sachs.
“O aumento dos juros deve favorecer as bolsas europeias, considerando a maior parcela de setores de menor duração e sensíveis a juros que compõem o índice de referência do continente", escreveram estrategistas liderados por Sharon Bell em nota divulgada nesta quinta-feira, dia 6 de janeiro.
A Europa também se diferencia dos Estados Unidos porque “os múltiplos em grande parte do mercado não parecem particularmente esticados em relação ao que se via no passado”, acrescentaram.
A derrapada do mercado global começou nos Estados Unidos na quarta-feira, dia 5, após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, banco central americano, que sinalizou aumentos de juros mais agressivos do que muitos previam.
Ações de empresas de tecnologia — que têm valor com base nas expectativas de crescimento futuro — foram alvo de uma onda vendedora por causa dos múltiplos ainda elevados.
Nos mercados europeus, as oscilações foram bem menores do que nos Estados Unidos e Ásia.
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O índice de referência Stoxx 600 chegou a recuar 1,6% antes da abertura do pregão nesta quinta-feira, mas amenizou a queda. O índice permanece em território positivo de 0,2% neste ano, enquanto o S&P 500 caiu 1,4%, e o Nasdaq, concentrado em papéis de tecnologia, já perdeu 3,4% em 2022.
Embora as bolsas europeias tenham apresentado desempenho consistentemente inferior ao de seus pares nos Estados Unidos desde a crise financeira global de 2008, agora “a balança está se inclinando ligeiramente a favor da Europa”, na opinião dos estrategistas do Goldman.
Uma grande diferença é a política fiscal, com planejado aumento de gastos na Europa, incluindo um pacote de estímulos associado à sustentabilidade, enquanto o suporte fiscal tende a diminuir nos Estados Unidos.
Paralelamente, a “diferença em termos de lucros está se estreitando”, já que as estimativas de lucro futuro por ação estão melhores na Europa do que nos Estados Unidos no último ano, afirmou o relatório.
Os estrategistas recomendam ações de bancos e empresas de energia na Europa e destacaram o setor de saúde como sua área de crescimento preferida com ações “baratas”.
O Goldman não está sozinho no entendimento de que o mercado europeu se sairá vencedor no retorno à normalidade monetária após a pandemia. “As ações europeias podem cambalear com o primeiro aumento de juros pelo Fed, mas geralmente acabam se recuperando”, escreveram estrategistas do Citigroup liderados por Beata Manthey em nota distribuída na quarta-feira.
“Rendimentos mais altos podem ajudar transações tradicionais com ativos de valor, como ações do Reino Unido e do setor financeiro do continente europeu”, acrescentaram.