Oi: ações disparam após saída de RJ (Cristiano Mariz/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 12h09.
Última atualização em 15 de dezembro de 2022 às 17h47.
As ações da Oi (OIBR3/OIBR4) disparam mais de 50% no pregão desta quinta-feira, 15, após a Justiça ter decretado o encerramento da recuperação judicial, que se arrastava desde 2016.
A companhia afirmou em fato relevante que o fim da recuperação judicial representa um "importante marco para a transformação das operações da Oi, em busca de sua sustentabilidade de longo prazo". A Oi também ressaltou o sucesso nas vendas de ativos como uma das etapas fundamentais para a saída da recuperação judicial. A empresa também destacou o pagamento da dívida de R$ 4,6 bilhões para o BNDES, a quitação do empréstimo ponte da unidade Móvel de R$ 2,4 bilhões, o pagamento de debêntures conversíveis de R$ 3,5 bilhões e a aquisição de 98,7% das notes com vencimento em 2026 no valor de R$ 4,4 bilhões.
"A notícia é muito importante para a companhia. Depois de vários anos e um processo supercomplexo, a Oi conseguiu colocar um ponto final na recuperação judicial", afirmou Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research.
A Oi, que entrou em recuperação judicial devendo R$ 65 bilhões, sai com uma dívida de cerca de R$ 22 bilhões. A expectativa do mercado é que, com a saída da recuperação judicial, a companhia consiga ter acesso a empréstimos a custos mais baixos, o que possibilitaria o alongamento e da dívida e a redução de seus custos.
Fora da recuperação judicial, a Oi também passa a cumprir um dos requisitos para compor índices de ações, como o Ibovespa. Embora o fato de ter as ações cotadas abaixo de R$ 1 ainda seja um impeditivo para entrar nos índices da B3, há um plano de grupamento em curso na proporção de 50 para cada ação da Oi.
"A partir do momento que ela conseguir entrar em índices, a Oi passará a entrar no radar de fundos de índices. Além disso, muitos fundos não podem investir em empresas em recuperação judicial. Com saída, eles passam a poder investir na Oi, o que melhoria a base de acionistas, hoje composta majoritariamente de pessoas físicas", disse Vaz. A companhia, vale destacar, está entre as dez mais investidas da bolsa, com uma base acionária composta por mais de 1 milhão de pessoas.
Apesar dos pontos positivos, o analista considera que o encerramento da recuperação judicial por si só não resolve todos os problemas da Oi.
"Há ainda grandes desafios para os próximos anos. Um deles é conciliar a expansão de suas operações de fibra com o pagamento da dívida, que ainda é muito alta." Outro ponto levantado pelo analista é saída de serviços que, por contrato, a companhia é obrigada a manter, como de telefonia fixa. "Será preciso um trabalho importante com a Anatel. Mas se conseguir, vai ser bem importante para a companhia, já que enxugaria suas operações no futuro. Mas isso ainda tende a demorar."