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OGX ganha da Petrobras na renda fixa após acordo com Shell

Empresa de Eike Batista está com o melhor retorno nos títulos da dívida entre as companhias de petróleo

O acordo com a Shell está ajudando a reverter dois meses de queda nos títulos da OGX (Divulgação)

O acordo com a Shell está ajudando a reverter dois meses de queda nos títulos da OGX (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2011 às 06h27.

Rio de Janeiro - Os títulos da dívida da OGX Petróleo & Gás Participações SA estão com o melhor retorno entre as três maiores companhias do setor na América Latina após fechar seu primeiro contrato de venda de produto.

As taxas dos papéis com vencimento em 2018 da companhia controlada pelo bilionário Eike Batista despencaram 167 pontos- base, ou 1,67 ponto percentual, desde 5 de outubro, para 9,4 por cento. Em 6 de outubro, a OGX anunciou que a Royal Dutch Shell Plc acertou a compra dos dois primeiros carregamentos de petróleo da empresa, em transação avaliada em cerca de US$ 117 milhões. O rendimento dos papéis com vencimento semelhante da Petróleo Brasileiro SA caiu 63 pontos-base no mesmo período, para 4,72 por cento. As taxas dos títulos da Ecopetrol SA, estatal petrolífera colombiana, recuaram 44 pontos-base, para 4,73 por cento.

O acordo com a Shell está ajudando a reverter dois meses de queda nos títulos da OGX. Também tem elevado a confiança dos investidores na possibilidade de a empresa começar a obter lucro com as descobertas que fez desde 2009 na Bacia de Campos, fonte de mais de 80 por cento do petróleo produzido no Brasil. A OGX, que havia dito anteriormente que começaria a produzir petróleo em meados de 2011, recebeu sua primeira plataforma em 5 de outubro, após atrasos nas entregas. A companhia pretende começar a extrair petróleo até o final do ano, alimentando ainda mais a produção brasileira, que quase dobrou nos últimos dez anos.

“A cada dia eles estão mais perto do momento em que terão lucro”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc., em entrevista por telefone de Nova York. “A notícia da Shell foi muito boa.”

Nota de crédito

Os bônus da OGX rendem 609 pontos-base a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2019, comparado a uma diferença de 757 em 5 de outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio da dívida emitida por petrolíferas de mercados emergentes caiu 66 pontos-base no período para 5,34 por cento, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

A nota de crédito B da OGX na escala da Standard & Poor’s fica cinco níveis abaixo do grau de investimento e três níveis abaixo da nota da Petrobras, a maior petrolífera da América Latina por valor de mercado. A Ecopetrol tem nota BBB-, três níveis acima da classificação da OGX, sediada no Rio de Janeiro.

“A volatilidade está mais relacionada a fatores do mercado do que à OGX”, disse o diretor financeiro da empresa, Marcelo Faber Torres, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Os eventos recentes de nosso lado claro que ajudam, mas é difícil saber quanto disso tem impacto nos preços dos bônus.”

Petrobras e a Ecopetrol não retornaram ligações da Bloomberg em busca de comentários.


Acordo com Shell

A Shell acertou a compra de 1,2 milhão de barris de Waimea, onde a OGX se prepara para instalar seu primeiro poço de produção, disse a companhia em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários em 6 de outubro. A Shell, sediada em Haia, concordou em pagar o preço do barril de petróleo Brent menos US$ 5,50, colocando o valor do acordo em US$ 117 milhões, com base na cotação de fechamento do barril do dia anterior.

Cornel Bruhin, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de mercados emergentes, incluindo bônus da OGX, na Clariden Leu AG em Zurique, disse que a posição de caixa da empresa também está tornando os títulos atraentes.

A OGX tinha US$ 4,5 bilhões em caixa no fim do segundo trimestre, o suficiente para cobrir os investimentos até que o fluxo de caixa fique positivo no fim de 2013, disse Torres. A OGX está desenvolvendo campos de petróleo e gás natural no Brasil e na Colômbia e tem recursos potenciais estimados em 10,8 bilhões de barris.

‘Apostas mais seguras’

“Eles estão nadando em dinheiro”, disse Bruhin em entrevista por telefone em 14 de outubro. A posição de caixa torna a OGX “uma das apostas mais seguras no universo de mercados emergentes no momento”, disse ele.

A falta de produção de petróleo pela OGX e a possibilidade de a empresa não atingir metas de produção significa que “há risco significativo” para os investidores de títulos, disse George Strickland, que ajuda a supervisionar US$ 10 bilhões em ativos de renda fixa como diretor-gerente da Thornburg Investment Management.

“O que esperar quando se compra títulos de uma empresa que não tem receita nem fluxo de caixa?”, disse Strickland em entrevista por telefone de Santa Fé, no estado americano do Novo México. “A teoria é ótima, mas existe risco significativo. Há muito risco de implantação envolvido.”

Preço do petróleo

A OGX pretende produzir 730.000 barris por dia até 2015 e 1,38 milhão de barris diários em 2019, segundo seu website. Testes em poços da empresa nos campos Waimea e Waikiki confirmaram um potencial de produção de 40.000 barris por dia na região em que a petrolífera teve uma taxa de sucesso de 100 por cento.

Os preços do petróleo acima de US$ 80 por barril também ajudam a impulsionar os títulos da OGX, disse Rosenbloom, do Citigroup.

“Os preços do petróleo não parecem querer ficar abaixo de US$ 80 por barril e isso é bom para a OGX”, disse ele.

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