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Ofertas de ações não aliviam balanços de Suzano e Fibria

Para analistas, as ofertas ajudam, mas não bastam frente à recente valorização do dólar, a necessidade de investimentos e o alto nível de alavancagem das duas empresas

Suzano ganha com aumento de preços internacionais (GERMANO LUDERS)

Suzano ganha com aumento de preços internacionais (GERMANO LUDERS)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2012 às 19h12.

São Paulo - As ofertas de ações que têm movimentado o setor de papel e celulose não serão suficientes para reduzir o nível de alavancagem das produtoras Fibria e Suzano.

Para analistas, as ofertas ajudam, mas não bastam frente à recente valorização do dólar, a necessidade de investimentos e o alto nível de alavancagem das duas empresas.

Em abril, a Fibria captou 1,44 bilhão de reais com a colocação de novas ações. A Suzano informou na noite de terça-feira que fará uma oferta primária com a qual pretende reforçar seu caixa em pelo menos 1,5 bilhão de reais.

"Não é o suficiente, mas é uma parte. São empresas muito alavancadas, em um nível perigoso", disse o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.

Suzano e Fibria possuem forte endividamento por razões distintas. A primeira para executar um plano agressivo de crescimento da capacidade produtiva e a segunda por passivos herdados da fusão que originou a companhia, entre Aracruz e VCP.


Galdi lembra que a recente valorização do dólar, que já subiu mais de 7 por cento em 2012, tem impacto negativo sobre a dívida das empresas em moeda estrangeira. Por outro lado, a moeda norte-americana mais forte tem efeito benéfico sobre a receita com exportações de celulose.

Para os analistas Rodrigo Fernandes e Renato Maruichi, da cooretora Fator, são os investimentos necessários para o crescimento futuro que tornam mais urgente uma desalavancagem.

"Segundo nossas estimativas, ainda seriam necessários recursos adicionais para a empresa (Suzano) reestruturar sua alavancagem, em função dos pesados investimentos ainda a serem realizados nos próximos trimestres", disseram, em relatório.

No fim de março, a Fibria tinha dívida líquida de quase 9 bilhões de reais. Considerando os recursos obtidos com a oferta de ações em abril, o valor cairia para 7,4 bilhões de reais, resultando em uma relação de 4,3 vezes entre endividamento e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).

A Suzano tinha no encerramento do primeiro trimestre dívida líquida de 5,7 bilhões de reais e uma relação com o Ebitda de 4,8 vezes. Se os recursos estimados na oferta de ações tivessem sido contabilizados no último balanço, essa relação teria ficado em 3,6 vezes.

A Fibria já lançou mão da venda de ativos para reduzir sua alavancagem, e a Suzano já afirmou que não descarta essa possibilidade, além de avaliar parcerias para futuros projetos.

Suzano precisa de mais

Para o Bank of America Merrill Lynch, a Suzano, em particular, ainda precisará de 2,5 bilhões a 3,5 bilhões de reais em eventos de liquidez para levar o nível de alavancagem a entre 4 e 4,5 vezes o Ebitda antes do início da produção em sua fábrica no Maranhão, que deve ocorrer no final de 2013.

Os analistas do Morgan Stanley, Carlos De Alba e Alfonso H Salazar, também acreditam que o valor a ser levantado com a venda de ações não será suficiente para a Suzano.


"Nós acreditamos que a proposta de uma oferta de ações mostra comprometimento da diretoria em reduzir a alavancagem, mas em nossa visão é muito pequena", escreveram em relatório.

Além da oferta de ações, a Suzano anunciou a contratação de uma linha de crédito de 2 bilhões de reais com o Banco BTG Pactual. O dinheiro poderá ser liberado em duas tranches e estará disponível para saques até março de 2014.

Diluição na Suzano

Os acionistas da Suzano poderão participar do aumento de capital de modo a manterem sua atual fatia no capital da empresa.

A controladora Suzano Holding manifestou "intenção de subscrever todas as ações" a que tem direito e eventuais sobras de papéis de acionistas que não aderirem à operação.

Para os analistas Josh Milberg e Luis Felipe Bresaola, do Deutsche Bank, considerando as debêntures conversíveis em ações emitidas pela Suzano no ano passado, a oferta de ações representa uma diluição "massiva" aos atuais acionistas.

"Ao mesmo tempo, ocorre em um momento difícil devido ao enfraquecimento dos mercados globais e aumento das incertezas macroeconômicas", comentaram, em relatório.

Em abril, quando a Fibria realizou sua oferta de ações, o Ibovespa estava acima de 60 mil pontos. Na sessão de quarta-feira, o índice encerrou em 54 mil pontos -menor patamar desde outubro de 2011.

Subscrição

A Suzano Holding possui 88 por cento das ações ordinárias da Suzano Papel e Celulose e 0,3 por cento das ações preferenciais classe A, de maior liquidez na bolsa, segundo informações do site da empresa.

O BNDESPar, outro acionista importante da produtora de papel e celulose, não quis se manifestar se irá ou não participar da oferta. O braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem 6,7 por cento das ações preferenciais classe A da Suzano.

Para não ser diluído, o BNDESPar teria que subscrever pouco mais de 11 milhões de ações dessa classe a serem emitidas no lote inicial. Considerando o valor de fechamento da ação da Suzano nesta quinta-feira, de 6,16 reais, isso implicaria em uma alocação de cerca de 70 milhões de reais pelo BNDESPar.

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