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O “trader” que quer vencer Obama

Vice do candidato republicano Mitt Romney é o “queridinho” de Wall Street


	Paul Ryan é discípulo de grandes nomes associados ao livre mercado como Milton Friedman
 (Saul Loeb/AFP)

Paul Ryan é discípulo de grandes nomes associados ao livre mercado como Milton Friedman (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2012 às 09h24.

São Paulo - A escolha de Mitt Romney por Paul Ryan para seu vice evidenciou as diferentes políticas econômicas que se enfrentarão nessas eleições americanas. Descrito como “facilmente confundido com um banqueiro de Wall Street” pelo jornalista Andrew Ross Sorki, do The New York Times, o republicano Paul Ryan, é discípulo de grandes nomes associados ao livre mercado como Milton Friedman e Ayn Rand.

O deputado, inclusive, negocia ações no mercado em seu tempo livre. Entre as empresas de que tem uma parte estão Apple, General Eletric, IBM, Procter & Gamble, Wells Fargo, Google, Mc Donald’s e Nike. Além disso, tem o apoio de alguns poderosos financiadores: seus maiores doadores incluem funcionários do Wells Fargo, UBS, Goldman Sachs e Bank of America.

Sua defesa do livre mercado é também a maior arma de ataque contra o presidente Barack Obama. De um lado, Obama quer aumentar os impostos para as camadas mais ricas e expandir massivamente o papel do governo no sistema de saúde. Do outro, Romney e Ryan querem reformar a Medicare, a Medicaid e a lei de assistência médica de Obama. Eles também defendem que os impostos deveriam ser reduzidos. Nas palavras do candidato à vice-presidência: “Nossos direitos vêm da natureza e de Deus, não do governo”. 

“Novo normal”

Sobre a situação econômica do país, Ryan disse o seguinte assim que foi anunciado como parceiro de Romney na corrida eleitoral: “Eu escuto algumas pessoas dizerem que isso é somente o “novo normal”. Alto desemprego, diminuição dos rendimentos e dívida esmagadora não são o “novo normal”. Isso é resultado de políticas equivocadas”. 

Mohamed A. El-Erian, executivo-chefe da Pimco (maior gestora de títulos do mundo) e criador do conceito de “novo normal” - que diz que ao sair da crise financeira, a economia não se recuperará de uma maneira cíclica normal -, rebateu a declaração em um artigo


“Ryan está certo em dizer que o ‘novo normal’ é resultado de políticas equivocadas. Mas para mim isso é menos sobre o papel do governo na terceirização e com desincentivos fiscais, e mais sobre uma economia que tem que encontrar uma maneira segura de ‘desalavancagem’”, explica.

Para ele, Ryan pode estar muito precipitado em não perceber a extensão em que o “novo normal” está se incorporando na nossa economia. El-Erian explica que como o Congresso falhou em lidar com o “novo normal” por mais de 3 anos, o próximo governo enfrentará a difícil tarefa de restaurar a vitalidade econômica dos EUA e destravar o tradicional dinamismo e empreendedorismo americano.

Passado

Na disputa eleitoral, os democratas poderão se valer do passado de Ryan para desacreditar a retórica da defesa de livre mercado de Ryan. Em 2008, o deputado votou a favor do resgate do governo aos bancos, conhecido como TARP (programa de alívio de ativos problemáticos, na sigla em inglês). “Essa lei ofende meus princípios, mas eu vou votar a favor para preservar meus princípios, para preservar esse sistema de empresas livres. Nós estamos nesse momento e se falharmos em fazer a coisa certa, Deus nos ajude”, disse antes do voto.

Ryan também foi contrário ao plano bipartidário para a redução de déficit Simpson-Bowles com o argumento de que o plano não ia longe o suficiente na revisão dos créditos para a saúde. “Eles todos dizem. ‘O que quer que você faça, certifique-se de obter cortes de gastos reais’”, disse Ryan à CNBC sobre o modo como os investidores gostariam que ele votasse.

Segundo a pesquisa de intenção de voto realizada pela Gallup, se a eleição fosse hoje, o republicano Mitt Romney receberia 47% dos votos e o democrata Barack Obama 45%. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, o que faz com que os dois candidatos estejam tecnicamente empatados. 

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