Warren Buffett (Kevin Lamarque/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 2 de maio de 2022 às 16h27.
Última atualização em 2 de maio de 2022 às 17h10.
O que Warren Buffett pensa sobre a guerra na Ucrânia? Como o bilionário, que há 50 anos é um guru dos mercados, vê a alta da inflação do mundo? Por que o “oráculo de Omaha” não é um adepto das criptomoedas?
Depois de dois anos suspensa por causa da pandemia, a tradicional assembleia anual de acionistas da Berkshire Hathaway, firma de investimentos que Buffett ajudou a fundar e da qual é presidente, foi realizada no último sábado em Omaha e atraiu milhares de americanos e investidores do mundo inteiro.
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No evento, apelidado de “Woodstock do capitalismo”, Buffett respondeu às perguntas da plateia e de sua visão sobre temas controversos para uma audiência ávida pelos conselhos do bilionário.
"É como uma peregrinação", resumiu a alemã Lauritz Fenselau, dona de uma startup de software, que veio de Frankfurt para assistir à assembleia pela primeira vez e estava lá desde 4 horas, 3 horas antes da abertura dos portões.
O “veterano” Tom Spain, de Harborough, Inglaterra, foi o primeiro na fila, chegando às 3h15 e levando sua cadeira recém-comprada no Walmart para esperar sentado o início do evento. Fundador de uma firma de investimentos e participando da assembleia de Omaha pela terceira vez, Spain brincou que, a próxima vez, vai levar uma máquina de café para se manter acordado na fila.
Veja, abaixo, o que Buffett falou sobre os temas do momento para a sua legião de fãs.
Segundo Buffett, não é possível saber qual será o nível de inflação no próximo mês ou década, mas o impacto da alta de preços afeta todo mundo:
"A inflação trapaceia os investidores em títulos, trapaceia as pessoas que mantêm seu dinheiro no colchão, trapaceia quase todo mundo", afirmou.
Por isso, afirmou o bilionário, é importante que os preços se mantenham estáveis.
"É bom para os investidores e para os negócios em geral."
Buffett sempre foi cético em relação às criptomoedas. No sábado, ele afirmou que preferiria ter dezenas de fazendas e apartamentos — que ele chamou de “ativos produtivos” — do que bitcoins.
"Se você me dissesse que possui todos os bitcoins do mundo e me oferecesse por US$ 25, eu não aceitaria. O que eu faria com isso?", disse Buffett.
Buffett voltou a criticar a volatilidade das bolsas, dizendo que muitas vezes se parecem com um cassino ou uma casa de apostas.
"Isso tem ocorrido num nível muito elevado nos últimos anos, encorajado por Wall Street", afirmou.
"Os mercados fazem coisas malucas, e de vez em quando a Berkshire tem alguma oportunidade. Não é porque somos inteligentes, é porque não somos malucos", resumiu.
A Berkshire é conhecida por ser uma empresa de investimentos no longo prazo, que busca ativos sólidos, de fundamentos, em vez de tentar ganhos de curto prazo com a volatilidades dos mercados.
Buffett, como sempre, tentou evitar temas mais espinhosos. Ele mencionou a guerra na Ucrânia apenas de forma muito indireta. Perguntado por um acionista presente no evento se havia uma ameaça nuclear, ele respondeu que existia um risco “muito, muito, muito baixo” de um ataque nuclear.
Lembrou, porém, que na Crise dos Mísseis, em 1962, o mundo “chegou perto” deste risco”.
"O mundo está o tempo todo jogando suas moedas em cara ou coroa, a Berkshire não tem essas respostas."
Aos 91 anos, e tendo como vice Charlie Munger, de 98 anos, Buffett fez piada com sua longevidade à frente da empresa. Disse que se sentia muito bem em voltar a encontrar os acionistas da empresa pessoalmente, depois de dois anos sem assembleia por causa da covid.
"Se você é o dono de uma companhia e tem dois caras de 98 e 91 tocando a empresa, você tem o direito de vê-los pessoalmente", brincou.