Larry Fink, CEO da BlackRock: “A única coisa clara nesse mundo pós-covid é que o capitalismo de stakeholder irá se tornar cada vez mais importante” (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 20 de julho de 2020 às 17h44.
Última atualização em 20 de julho de 2020 às 17h51.
A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, divulgou seus resultados na sexta-feira, 17. A gestora encerrou o segundo trimestre com 7,32 trilhões de dólares em carteira, ante 6,84 trilhões no mesmo período do ano passado. O lucro líquido por ação, de 7,85 dólares, superou as estimativas dos analistas, que eram de 6,99 dólares.
Havia grande expectativa em torno do resultado da BlackRock, especialmente em razão do empenho da gestora em abraçar o capitalismo de stakeholder, modelo de gestão de empresas que coloca o impacto gerado pelas companhias à frente do lucro. A dúvida era se esse novo modo de investir sobreviveria à pandemia e ao tombo dos mercados.
A boa notícia é que o capitalismo de stakeholder não apenas sobreviveu como se mostrou mais lucrativo em tempos difíceis. Essa é a lição número 1 retirada dos resultados da BlackRock no segundo trimestre de 2020. “A única coisa que é muito clara nesse mundo pós-covid é que o capitalismo de stakeholder irá se tornar cada vez mais importante”, afirmou Larry Fink, CEO da gestora.
Fink falou sobre os resultados ao programa Squak Box, da rede de TV americana CNBC. Ele afirmou que, entre os clientes da BlackRock, houve um substancial aumento de interesse por áreas ligadas ao ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês), como energias renováveis. Essa tendência deve acelerar nos próximos meses, segundo o CEO.
Desde o início do ano, a BlackRock lançou 23 fundos de índice (ETF) sustentáveis. Essa carteira mais do que dobrou desde o ano passado, chegando a 11 bilhões de dólares. “As empresas que se preocupam com todos os stakeholders serão as vencedoras no futuro”, disse Fink.
Nesse novo capitalismo, o lucro é o resultado de boas práticas ambientais ou de relacionamento com os diferentes públicos de um negócio, como funcionários, fornecedores e acionistas. É o chamado capitalismo com “propósito.”
Em janeiro, numa mensagem enviada a CEOs mundo afora, Fink fez compromissos importantes, como o de desinvestir em setores intensivos em carbono, a exemplo da indústria de carvão térmico.
Dois meses mais tarde ele publicou um novo texto, em que praticamente dobra a aposta na sustentabilidade. “Quando emergirmos dessa crise, e à medida que os gestores reequilibrem seus portfólios, teremos a oportunidade de acelerar a transição para um mundo mais sustentável”, disse.
Essa transição acontecerá independentemente da vontade das empresas, uma vez que, segundo Fink, a nova geração de investidores que está chegando ao mercado será muito mais consciente do que as anteriores. “Os jovens serão mais vigorosos em relação a questões sociais e ambientais. Não será uma mudança lenta, na verdade, eu acredito que veremos cada vez mais atitudes ligadas a essas questões”, afirma. A lição é: coloque mais propósito em seus investimentos.