Mercado Livre: lucro líquido cresceu 480% em 2022 (Mercado Livre/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 24 de fevereiro de 2023 às 12h54.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2023 às 14h15.
O que é que o Mercado Livre tem? A operação de varejo cresceu corte mesmo com um ambiente difícil. A fintech Mercado Pago conseguiu quase dobrar a receita e fazer provisões mais baixas de perdas por inadimplência mesmo com o mercado de crédito custando caro às famílias. A empresa conseguiu bater recordes e registrou um lucro de US$ 165 milhões, revertendo o prejuízo do quarto trimestre de 2021.
Para a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o Meli é o vencedor no comércio eletrônico e pagamentos na América Latina e uma das ações preferidas do banco para o curto prazo.
"O tráfego, a variedade e um foco maior no nível de serviço permanecem a chave para o sucesso das plataformas de comércio eletrônico no Brasil e são a base de nossa chamada de consolidação do setor. Mas é o envolvimento do usuário (= taxas de conversão mais altas) que eventualmente diferenciarão as plataformas que crescem das plataformas que crescem e criam valor para os acionistas. Vemos Meli à frente do restante graças ao valor de seu ecossistema", escrevem os analistas.
Para os analistas do Bank of America (BofA), os sinais iniciais da melhoria da participação de mercado da Mercado Livre indicam que a plataforma de marketplace está preenchendo parte do vácuo criado pela crise da Americanas (AMER3). "Acreditamos que isso seja capaz de adicionar de 15 a 20 pontos percentuais ao crescimento de vendas brutas (GMV) da empresa no Brasil"
Unanimidade entre os analistas é de que o resultado da empresa argentina de comércio online foi bastante forte. "Taxas de take rate mais altas no comércio eletrônico (novamente um destaque positivo) e lucratividade, além do desempenho superior de Meli em seus principais mercados versus seus pares, reforçam que o modelo de negócios é resiliente", escrevem os analistas do BTG Pactual.
Segundo o Goldman Sachs, mais uma vez a lucratividade da operação foi o destaque e "supreendeu até as recomendações de compra [do papel] mais otimistas".
"Meli entregou uma forte número no quarto trimestre, com uma margem de Ebit [lucro antes de juros e impostos] que acreditamos exceder ainda mais expectativas de compra otimista e trouxe a margem de 2022 do ano inteiro para 9,8%, em linha com o que projetamos para a empresa alcançar apenas em 2023", escreveu a equipe do Goldman.
Segundo o banco, a aceleração de receita com originação do cartão de crédito e um retorno à penetração de 1p (venda direta) mais alta podem criar alguns ventos contrários à margem em 2023, mas há compensações de escala contínua e ganhos de eficiência, além de fluxos de receita de maior lucro como as de publicidade.
"A reinicialização 1P da Meli pode se beneficiar da mudança no cenário competitivo após o pedido de recuperação judicial das Americanas, à medida que os principais fornecedores estendem os orçamentos promocionais a alternativas mais saudáveis, e a receita da publicidade melhora a lucratividade de bens de consumo de giro rápido", diz o BofA em seu relatório. O banco revisou para cima as projeções de lucro da varejista em 2023 e 2024, para US$ 14,73 por ação e US$ 21,59 por ação, respectivamente.
Com ações negociadas na Nasdaq, bolsa com diversas empresas de tecnologia, o Mercado Livre (MELI) viu seus papéis se valorizarem mais de 35% neste ano. Nesta sexta-feira, em reflexo ao resultado, as ações subiam 1,09%, para US$ 1.148,59.
"A preços atuais, negocia em 1,4x valor da empresa/GMV e 4,2x valor da empresa/vendas considerando a projeção de 2023, o que não é barato", diz a equipe do BTG Pactual, indicando, no entanto, que o papel é um forte ativo para o curto prazo. O banco recomenda compra com preço-alvo de US$ $1.420,00.
O Bank of America também reiterou compra e manteve o preço-alvo em US$ 1.400,00. O Goldman Sachs tem visão ainda mais otimista, pois além de recomendar compra, estima um preço-alvo de US$ 1.520,00.