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O que explica mais uma debandada dos estrangeiros da Bolsa

Em agosto, o fluxo de capital estrangeiro ficou no vermelho pela terceira vez no ano; veja o que impactou a decisão dos investidores de fora.


	Dinheiro: estrangeiros voltam a tirar recursos do mercado de ações brasileiro
 (Thinkstock)

Dinheiro: estrangeiros voltam a tirar recursos do mercado de ações brasileiro (Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 6 de setembro de 2016 às 09h26.

São Paulo — Depois de dois meses de apostas no país, os investidores estrangeiros voltaram a retirar recursos do mercado acionário brasileiro. Em agosto, as saídas (venda de ações) superaram as entradas (compra de ações) em 2,246 bilhões de reais —a maior fuga de recursos registrada no ano. 

Desde o início de 2016, o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa ficou no vermelho três vezes: em janeiro, em maio e agora em agosto (veja no gráfico abaixo).

Logo nos primeiros dias do ano, os mercados internacionais foram afetados pela adoção do mecanismo de circuit breaker na China, que acabou sendo abandonado depois. Com a instabilidade geral, os investidores migraram para outros ativos livres de risco. 

Já em maio, a debandada ocorreu logo após o afastamento provisório da ex-presidente Dilma Rousseff. Nos dois meses anteriores, quando estavam na expectativa do impeachment, os estrangeiros colocaram mais de 11 bilhões de reais no mercado. Em maio, quando as expectativas cessaram, eles decidiram embolsar o lucro.

Em agosto, o "fenômeno" impeachment aconteceu mais uma vez. Depois de Michel Temer assumir de vez a Presidência, os acionistas de fora resolveram buscar outros ares.

“O que vimos neste ano foram os estrangeiros buscando ganhos no curto prazo. Eles apostaram em alguns eventos específicos, registraram ganhos e depois resgataram o lucro", explica Adeodato Netto, especialista em Mercado de Capitais da Eleven Financial.  "Esse comportamento é muito diferente do que considero como um investimento real, que demanda tempo de retorno". 

Atualmente, 51% do volume financeiro movimentado na Bolsa vêm de bolsos estrangeiros. Por isso, qualquer migração impacta diretamente o desempenho do mercado brasileiro. A tendência, segundo Netto, é que o movimento especulativo permaneça, ao menos, até o final deste ano.

“O país só voltará a ser atrativo quando o governo conseguir aprovar as medidas necessárias para a retomada do crescimento, o que só deve começar a acontecer em outubro", diz ele.

Além da instabilidade política, outro fator que pode fazer com que os estrangeiros arrumem as malas mais uma vez é o possível aumento de juros nos Estados Unidos. Como o mercado norte-americano é considerado o mais seguro, qualquer subida nas taxas por lá faz com que investimentos mais arriscados se tornem menos atrativos.

“Se o Brasil tiver uma ação efetiva no quadro fiscal, o impacto dos juros americanos no mercado interno pode ser bem menor”, diz Netto. “No final, o que o investidor quer é ganhar. E mesmo que a Selic caia, o placar vai continuar sendo de 1% contra 13%”, completa. 

Mesmo com as quedas, o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa registra até agora um superávit de 15 bilhões de reais. 

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