São Paulo – Chega, enfim, o último trimestre de 2015. Mas ainda há muitas questões indefinidas que podem agitar o mercado financeiro. EXAME.com conversou com analistas e especialistas do mercado para entender quais são os principais pontos que podem influenciar o desempenho da bolsa brasileira. Eles também citaram as principais empresas e setores que devem se destacar. Confira a seguir.
Analistas consultados não acreditam que a bolsa brasileira deva perder mais pontos. O Ibovespa se mantém no patamar atual entre os 44 e 48 mil pontos. Uma piora só deve acontecer em caso de impeachment, mas, por um curto período. “Com o impeachtment a bolsa deve recuar, porque em um primeiro momento, o país fica sem diretrizes políticas e econômicas. Mas a fase turbulenta deve passar depressa. Depois desse curtíssimo período, a tendência é que a bolsa volte a subir”, afirma Roberto Indech, analista da corretora Rico.
A moeda que foi destaque nos últimos meses deve seguir em alta frente ao real, apontam analistas. O lado bom é que eles não esperam que o dólar suba mais. “Mesmo diante de tantas projeções pessimistas, nós não temos um cenário econômico que nos dê embasamento para pensar em moeda a 5 reais, ainda penso na moeda entre 4 e 4,10 reais”, afirma Edgar de Sá, diretor da FN Capital.
A desaceleração da economia chinesa deve continuar afetando a bolsa por aqui, sobretudo os papéis ligados a commodities. "O problema com a China é que o mercado ainda não sabe até que ponto a economia do país vai desacelerar. Então, qualquer novo dado baixo representa uma nova queda nas ações ligadas ao país", explica Roberto Indech, analista da corretora Rico.
Para analistas, o temor de que o banco federal norte-americano, o Federal Reserve (Fed), eleve os juros deve continuar afetando a bolsa brasileira. “O banco vem sinalizando que deve aumentar o juros no fim deste ano ou início do ano que vem", explica Roberto Indech, analista da corretora Rico.
Investigações da Operação Lava Jato, preço do petróleo internacional baixo, dólar alto, questões políticas e ações sofridas nos Estados Unidos. A lista de fatores que contribuem para a queda dos papéis da Petrobras parece não ter fim. Por isso, analistas não esperam uma melhora no desempenho dos papéis da estatal este ano. "Apesar dos problemas, a Petrobras é dona de petróleo, não podemos esquecer disso. Pensando nisso continuo vendo a Petrobras como uma boa opção para investidores, mas só a longo prazo", afirma Edgar de Sá, da FN Capital.
Petrobras e Braskem ainda enfrentam impasses diante do contrato de fornecimento de nafta, que é a principal matéria-prima da Braskem. Já foram feitos três aditivos semestrais ao contrato original e o último aditivo, de dois meses, vence no próximo dia 31 de outubro. A aposta de Edgar de Sá, diretor da FN Capital, é que o contrato de nafta deve sair positivo para a Braskem, com isso, os papéis da empresa podem apresentar uma alta.”Eu não acredito em notícias ruins para a Braskem, mas o mercado vai ficar atento. Tudo depende da condição desse contrato de nafta com a Petrobras”, afirma.
Com o dólar alto, a expectativa é que as ações de papel e celulose continuem entre os destaques positivos neste último trimestre. No ano, as ações da Suzano (SUZB5) já subiram 72%, os papéis da Fibria (FIBR3) 71% e as ações da Klabin (KLBN4) 53%. "Exportadoras em geral, que não dependam muito do mercado chinês, devem continuar com um bom desempenho na bolsa", afirma Pedro Paulo Afonso, diretor de investimentos da Tov Corretora.
Fim de ano costuma ser uma boa época para o varejo, com a geração de novos empregos e aumento das vendas. Mas, levantamento feito peloServiço de Proteção ao Crédito (SPC)e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que nove em cada dez empresas do comércio varejista e de serviços não contrataram nem pretendem contratar funcionários temporários neste fim de ano. Já a Confederação Nacional do Comércio (CNC) prevê uma retração de 2,9% no volume de vendas em 2015. Com previsões nada animadoras, analistas também não esperam uma alta nos papéis do setor.
O desempenho das construtoras deve continuar figurando entre as perdas do pregão no quarto trimestre. Até agora, as ações da Cyrela (CYRE3), por exemplo, acumulam perdas de 24% no ano e os papéis da MRV (MRVE3) caíram 8,7%. "O setor imobiliário continua enfrentando grandes desafios com a desaceleração da economia", explica Pedro Paulo Afonso, diretor de investimentos da Tov Corretora.
Com o dólar em alta frente ao real, as ações da JBS, Minerva e BRF continuarão apresentando altas, segundo analistas. Já a Marfrig espera os desdobramentos da nova fase da Operação Acrônimo, que realizou buscas e apreensões no frigorífico da companhia, e fez os papéis da companhia caírem 10% na última quinta-feira.
O setor de educação não deve sofrer novas baixas, mesmo com o novo ano letivo se aproximando e os problemas com o FIES. Para analistas, isso já está precificado pelo mercado. "Essas empresas foram muito rápidas em relação a uma mudança de paradigma, conseguiram acordos com bancos para aliviar a questão do FIES. Então, eu não acredito muito em uma baixa grande nos papéis dessas empresas", afirma Pedro Paulo Afonso, diretor de investimentos da Tov Corretora. "Mas, se vier mesmo uma CPI sobre o FIES, ai os papéis podem cair", explica Edgar de Sá, diretor da FN Capital.
Incertezas regulatórias e a briga na Justiça envolvendo o rombo bilionário das geradoras de energia devem continuar afentando os papéis do setor. "Se formos pensar em dividendos, os papéis da AES Tietê e Tractebel continuam interessantes. Mas as ações do setor de energia elétrica não devem apresentar melhoras neste trimestre", afirma Edgar de Sá, diretor da FN Capital.
14. Confira agora as empresas que mais ganharam valor de mercado em setembrozoom_out_map
"Alavanca de crescimento de receita está bem endereçada, mas obviamente vai demandar um pouco de tempo para o mercado comprar a tese", diz Renato Franklin