Painel de cotações da B3: três dos maiores bancos do Brasil divulgam seus balanços nesta semana (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 8 de novembro de 2022 às 06h03.
Última atualização em 10 de novembro de 2022 às 19h14.
Balanço do Itaú: Itaú (ITUB4) tem lucro de R$ 8,1 bilhões no 3º tri, em linha com o esperado
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O setor bancário tem uma semana agitada, com a divulgação de balanços de três dos maiores bancos de varejo do País. O Bradesco (BBDC4) apresenta seu resultado nesta terça-feira, 8, após o fechamento do mercado. O Banco do Brasil (BBAS3) vem na sequência, com apresentação do balanço na quarta-feira, 9, também depois do pregão. Itaú (ITUB4) encerra a temporada para o grupo na quinta-feira, 10, à noite.
Analistas seguem animados com os possíveis resultados, mesmo após a decepção com o balanço do Santander (SANB11). O lucro do Santander caiu 28% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 3,122 bilhões. A expectativa dos analistas era de uma baixa de 17% no lucro no período.
Os outros bancões, no entanto, devem se sair melhor no trimestre. Todos devem apresentar alta no lucro na comparação anual, com destaque para o Banco do Brasil, que promete o maior crescimento ano a ano entre os três segundo consenso Bloomberg. Itaú deve apresentar o melhor resultado entre os bancos – o único com avanço na comparação trimestral.
Os analistas do Goldman Sachs esperam recuperação principalmente no segmento de crédito, que deve crescer acima dos níveis normalizados, com média de 13% na comparação anual. A expectativa é que o mix de crédito siga na direção de segmentos com maior margem de juros líquida (NIM, na sigla em inglês). “As taxas mais altas tendem a sustentar as margens do passivo e capital de giro”, afirmam em relatório.
Do lado negativo, espera-se um crescimento do indicador de empréstimos não pagos (NPL, na sigla em inglês), de 15 pontos-base na média, e um aumento de provisões, especialmente no caso do Banco do Brasil.
“Considerando tudo, vemos a receita líquida de juros [NII, na sigla em inglês] ajustado ao risco crescendo 4% em média no trimestre com as tendências mais favoráveis para Itaú”, informa o documento. O banco privado é a principal aposta do Goldman para o trimestre.
No caso do BB, o Goldman destaca que a lucratividade deve permanecer próxima aos pares privados – notícia que foi o grande destaque positivo do último trimestre. Ainda assim, a expectativa é que a lucratividade não supere a máxima apresentada no balanço passado.
Os analistas do Credit Suisse também enxergam o setor bancário com bons olhos. “Permanecemos otimistas sobre o ambiente de ganhos para os bancos, pois continuamos a ver uma normalização controlada da qualidade dos ativos e um ambiente de receita líquida de juros positivo para os próximos dois anos, com taxas de juros e spreads de crédito mais altos”, afirmaram em relatório.
Entre os bancos, a preferência do Credit é por Itaú e Banco do Brasil. “O Itaú deve continuar a entregar resultados de maior qualidade, com também um melhor momento de ganhos prevalecendo em 2023 em relação aos seus pares privados. Em relação ao Banco do Brasil, continuamos vendo um valuation muito descontado de 3,6x P/L, próximo ao seu nível mais baixo de 10 anos de 3,2x, o que em nossa visão não é compatível com o momento atual dos lucros do banco”, dizem.
Vale destacar que o relatório do Credit foi publicado antes do segundo turno das eleições. Após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência, os papéis do banco estatal sofreram um novo revés. Investidores temem que uma nova gestão petista tenha um viés mais intervencionista, prejudicando os resultados. Na véspera, as ações do BB encerraram o dia em queda de 3,49%.
No entanto, os analistas do Itaú BBA destacam que o Banco do Brasil ainda é uma boa opção de investimento mesmo diante da turbulência política.
“Levaria algum tempo até que qualquer mudança de direção tivesse um impacto visível nos lucros. BB é onde os múltiplos teriam a maior vantagem se a incerteza política diminuir. Com lucratividade superior, resultados menos voláteis e crescimento mais forte, o desconto de avaliação torna-se difícil de justificar fora da incerteza política”, avaliaram os analistas do BBA em relatório.
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