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Mundo está à espera das tarifas recíprocas dos EUA e o cenário não é bom para o Brasil

País é um dos mais favorecidos, de longe, no comércio exterior com o Estados Unidos – e pode enfrentar as maiores retaliações, aponta estudo da Fitch

Na avaliação da Fitch, países emergentes serão mais afetados no anúncio a ser feito por Trump (Win McNamee/AFP)

Na avaliação da Fitch, países emergentes serão mais afetados no anúncio a ser feito por Trump (Win McNamee/AFP)

Publicado em 28 de março de 2025 às 11h09.

Última atualização em 28 de março de 2025 às 18h13.

Em meio às diversas ameaças de Donald Trump, os mercados estão em compasso de espera em relação às tarifas recíprocas, que serão anunciadas pelo presidente americano no próximo dia 2, batizado com o nome sugestivo de “Liberation Day”, ou o dia da ‘libertação’ do comércio americano.

Essas tarifas serão voltadas principalmente para os países que impõem taxas aos produtos importados dos Estados Unidos – e, nesse sentido, o Brasil pode ser um dos principais alvos, aponta a Fitch.

Um estudo da agência de classificação de risco coloca em perspectiva o tamanho do diferencial entre as tarifas praticadas por uma lista de 28 países em relação aos Estados Unidos.

De um lado, estão as tarifas cobradas hoje pelas nações para importar produtos americanos. De outro, o quanto os Estados Unidos tarifam as importações desses mesmos países.

O quadro é pouco animador para o Brasil. O país é considerado o mais favorecido hoje pelos Estados Unidos, quando se leva em conta apenas uma média simples das tarifas cobradas por todos os produtos envolvidos no comércio exterior entre as duas nações.

Enquanto os exportadores americanos pagam uma tarifa média de 13,5% para entrar no Brasil, os produtos brasileiros tem uma tarifa média de apenas 3,5% para entrar nos Estados Unidos.

O diferencial de 10 pontos percentuais é o maior, de muito longe, na lista que inclui tanto países emergentes quanto desenvolvidos. A título de comparação, o segundo maior diferencial vem da Turquia, com 8,8 pontos percentuais, seguido pela India, com 8,7 p.p..

A Fitch fez também um outro cálculo – talvez mais justo – ponderando as tarifas pelo peso que cada produto tem no comércio exterior com os Estados Unidos. (Em outras palavras: as tarifas de produtos que tem maior volume de exportação pesam mais na conta.)

Aqui, de novo, o cenário não é animador, olhando pela possibilidade de retaliação pelos Estados Unidos.

O Brasil não está mais no topo da lista, lugar ocupado pela Tailândia, que tem um diferencial de 5,3 pontos percentuais a seu favor em relação aos produtos importados dos Estados Unidos e aquelas exportados para lá.

Mas aparece em segundo lugar, com um diferencial de 4,4 pontos percentuais. Nas contas da agência, enquanto os exportadores americanos pagam uma média ponderada de 7,1% em tarifas para entrar no Brasil, nossos produtos são taxados em apenas 2,7% para entrar lá.

Com base no estudo, a Fitch aponta que as tarifas recíprocas tem um risco maior para os países emergentes, com destaque para Brasil, Índia, Tailândia Malásia, África do Sul e Turquia. Vietnã e Indonésia também podem sofrer, na avaliação da agência.

“Esperamos que as medidas que devem ser anunciadas pela administração americana se traduzam em altas significativas de tarifas em abril”, escreveram os analistas no documento.

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