O mês em que tudo mudou: Ibovespa se destaca e sobe 4,4% em dólares em abril (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 1 de maio de 2025 às 17h08.
Abril foi um mês particularmente turbulento para os mercados globais, marcado por um salto na aversão ao risco e queda generalizada dos ativos após a imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos.
Crise, que crise? Essas 14 ações renovaram suas máximas históricas em abrilO índice de volatilidade VIX chegou a atingir 52 pontos — o maior patamar desde o choque da pandemia em 2020. O impacto nos ativos globais foi expressivo. O S&P 500 e o Nasdaq recuaram 18,9% e 22,9%, respectivamente, entre os picos de fevereiro e as mínimas de abril.
Commodities também sentiram o baque: o petróleo Brent, por exemplo, desabou 15,6% no mês.
Em um movimento atípico, até mesmo os ativos tradicionalmente considerados porto seguro — como o dólar e os títulos do Tesouro americano — sofreram vendas, enquanto o ouro subiu 5,3% e o euro se valorizou 4,5%, refletindo o deslocamento da busca por proteção.
Na contramão desse ambiente adverso, o Brasil se destacou como uma das exceções.
O Ibovespa avançou 3,7% em reais e 4,4% em dólares em abril, encerrando o mês aos 135.067 pontos.O desempenho do índice foi impulsionado por uma forte recuperação dos setores domésticos, sobretudo os mais sensíveis à trajetória de juros. Educação (+27,4%), Transportes (+19,1%) e Saúde (+11,7%) lideraram os ganhos.
Embora a volatilidade do Ibovespa também tenha aumentado — passando de 11% para 29% ao longo do mês —, o movimento foi bem menos severo do que o observado nos mercados desenvolvidos.
O índice brasileiro se beneficiou de uma combinação de menor exposição direta às tensões comerciais e de fundamentos internos mais sólidos.
A economia brasileira, relativamente fechada, foi menos penalizada pelas tarifas americanas e atraiu atenção de investidores em busca de alternativas à exposição excessiva aos EUA e à China.
Durante um roadshow recente em Londres, a XP observou um sentimento claramente mais otimista entre investidores institucionais estrangeiros em relação ao Brasil, motivado por valuations atrativos, fundamentos corporativos robustos e um ambiente doméstico em melhora gradual.
Além disso, a depreciação do dólar, o ciclo potencial de corte de juros no Brasil e o aumento de investimentos em infraestrutura por parte da China na América Latina reforçam a tese investimento no país.
A curva de juros também projeta cortes à frente , o que beneficia especialmente os setores domésticos mais cíclicos.
Ao mesmo tempo, os setores ligados a commodities — como Petróleo, Gás e Petroquímicos (-13,5%) e Mineração (-4,6%) — foram penalizados pela desaceleração nas expectativas de crescimento global.